terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O GUETO ECONÓMICO

...o pior cego é aquele que não quer ver...


Nas condições actuais do país, que foram sem contestação, superiormente consideradas de explosivas, a mudança de paradigma para o contexto da importância das pequenas e médias empresas revela-se urgente.

Os elos mais fracos da economia portuguesa, o trabalho e as pequenas e médias empresas, são os maiores depósitos de energia e de esperança do país, porque sempre foram eles que a alavancaram e suportaram.

Esta grande massa suporta o voto, os programas políticos são-lhe dedicados e as práticas políticas seguem em primazia noutras direcções.

As respostas aos golpes da actual crise, que têm trespassado a vida de milhões de portugueses indefesos e impotentes, resumem-se a uns subsídios para esconder os números da pobreza e na irrelevância das medidas para salvar a complexa influência das empresas nas economias locais e regionais.

Desde o rebentamento da bolha, em Setembro de 2008, com a queda vertiginosa dos indicadores de confiança, a realidade consistiu num ano inteiro a enfrentar custos contra uma torrente de perda de rendimentos. As pequenas e médias empresas não foram as primeiras a ceder mas os próximos tempos vão ser muito amargos.

O Governo em promessas e a Banca em gestão de interesses, nestes passados quinze meses, assistem ao definhar do principal sector da actividade económica que os alimenta. Os programas selectivos do chamado apoio do Estado são uma farsa e os milhões disponibilizados à Banca são uma miragem, no que toca ao papel estrutural de financiamento das empresas.

O corrente ano arrancou sobre números de falências e desemprego nunca vistos, que se agravarão implacavelmente no seu decorrer. Contudo, o Governo, dizendo mais uma vez uma coisa e fazendo outra, que se financia no PEC e no atraso do reembolso do IVA, preparava-se para impor um Código Contributivo que está muito longe de trazer justiça ao sistema fiscal, enquanto a Banca revela pouca abertura para resolver a contento negocial, as muitas situações de incumprimento criadas pela profundidade da crise.

As pequenas e médias empresas estão encurraladas numa situação que não criaram, desesperam na procura de soluções que o mercado não tem capacidade de dar resposta e o Governo, a braços com o buraco da má gestão financeira do Estado, congemina apoios para um OE que precisa de receitas, as quais virão do corte sobre os serviços públicos prestados e do aumento de impostos.

O sistema apodrecido e os seus agentes, que ignoram a miséria que criaram no seio das famílias e o sofrimento envergonhado das empresas, não têm margem de manobra para errar e impõe-se urgentemente que arquitectem novos programas, enterrando as versões actuais, sob pena de verem aumentar o exército do descontentamento.

As associações do sector das PMEs, que sempre se bandearam para o lado do poder, perderam qualquer credibilidade, porque há muito que não ouvem os gritos de baixo.

Quanto ao Algarve e às suas actividades económicas, estão entregues à sorte. Um líder quer ser o primeiro presidente do governo regional e o outro quer ser ministro de qualquer coisa, enquanto a população quer trabalho e dignidade.

É nestas condições de grande instabilidade financeira e social que o grande capital criou e os políticos validaram, que se desenrolará um ano dramático e imprevisível. Daí o medo de explosão.

Luis Alexandre

2 comentários:

Anónimo disse...

Vamos ter o regresso do bloco central para por a malta a trabalhar sem abrir a boca, quando eles se unem só dá aumentos dos impostos, vão ver...

carlos

Anónimo disse...

Porque não votaram doutra maneira?... e mesmo assim o bloco central só tem 65% dos votos, mas em tempos recuados já teve 80% e mesmo se neste momento se lhe juntar o CDS o bloco central verdadeiro alargado só tem 70% dos votos, mas só quando tiver menos de 50% é que as coisas mudam, mas isso ainda não é para o seculo XXI