O apregoado crescimento da cidade de Albufeira, sendo real, não tem, contudo as leituras que a propaganda oficial espalha aos quatro ventos.
Pretende-se dar uma imagem para o exterior, onde se joga inegavelmente o prestígio de qualquer cidade e dos seus responsáveis políticos, de destino turístico de qualidade, dotado dos valores, dos métodos de organização e das infra-estruturas que a reflictam.
A partir do ponto zero, o agregado harmonioso da velha vila, o primeiro impacto desenvolvimentista, cimentou logo uma estratégia de exploração turística intensiva e de ocupação dos solos sem regras, como o podem testemunhar a massa de betão que circunda a baixa da cidade para o lado nascente.
Dado o primeiro passo nesta direcção todos os outros seguiram esta estratégia com as aparentes vantagens de financiamento da Autarquia.
A linha de costa, outrora embelezada pelos pinhais, é o exemplo dramático da desorganização e da destruição de um património natural, tudo feito em nome de um elevado interesse da população.
Convencidos os dirigentes da cidade, à população bastava acenar com empregos a preços nunca sonhados e com dinheiro para se apoderarem do casario da população pobre. Começou a destruição e nunca mais parou.
Mesmo havendo hoje um conjunto de instrumentos jurídicos e quadros financeiros de apoio à reconstrução e preservação dos núcleos antigos, nenhum Executivo da Câmara de Albufeira os accionou, o que é o mesmo que dizer: continuem a comprar e façam o que quiserem.
Os anos passam e Albufeira está mutilada. A este assalto dos especuladores apoiados pelos políticos, apenas escapou Paderne. A Guia vive do frango piri-piri e juntamente com as Ferreiras, são dois dormitórios em expansão e sem as necessárias infra-estruturas a condizer com o crescimento. Os Olhos de Água e os Salgados, são dois desastres ambientais de dispendiosa recuperação.
O muito dinheiro arrecadado pela Câmara com a construção e o seu rendimento anual tem desaparecido, a destruição de muitas áreas está consumada, o caos urbanístico não pára, com urbanizações atrás umas das outras, sem nexo e sem as vias largas para a fluidez do trânsito, a cidade tem pouca cultura e conhecimento, é conhecida por um local de diversão onde o ruído e o ordenamento estão à deriva, a confusão do trânsito no Verão e a falta de estacionamentos são uma imagem de marca e as praias da frente da cidade nunca tiveram bandeira azul.
Estes são sinais preocupantes e definem uma má administração do Concelho.
Quanto mais tempo sobreviverá Albufeira a toda esta pressão de efeitos negativos?
Um sinal de desnorte estratégico, foi a maneira como as grandes superfícies afundaram as duas principais centralidades , a baixa e a zona das Areias/Sá carneiro, onde a loucura da ocupação chinesa são um evidente sinal de desagregação e empobrecimento.
A falta de investimentos e infra-estruturação estratégica, que é consciente, para atrair investidores em iniciativas de qualidade, reflectem as vistas curtas e o oportunismo das ideias que nos têm governado.
Com esta política, a principal centralidade do Concelho está nos arredores da Guia, cuja concentração de grandes espaços chamam muitos milhares de pessoas que não põem os pés na cidade.
Em muitos anos, não foi apontada uma ideia de projecto central, em torno do qual se desenvolvam outros projectos subsidiários que concorram par a vitalidade dos negócios turísticos que são a base do funcionamento da cidade, criadores de riqueza e de emprego com regalias e poder aquisitivo.
O betão foi quem mais ordenou, os Executivos apoiaram, o dinheiro gerado fugiu e não foi reinvestido e nós herdámos uma cidade fantasma, que alimenta os cofres da Câmara mas não alimenta quem aqui vive, investe e trabalha.
Luis Alexandre
(com a devida vénia, decidimos transportar este comentário para a primeira página, apesar de ter sido publicado no "política à moda de albufeira".
Comentário:
O presidente Desidério tem o dinheiro, não é dele mas é como se fosse e faz o que todos os outros fazem pelo País, usam-no em seu proveito.
Com dinheiro, muito dinheiro dá-se a volta às cabeças dos eleitores que em Albufeira já provaram que são benevolentes e gostam de ser enganados.
Até um tosco como o Desidério consegue reinar, mesmo deixando muitas das necessidades básicas sem soluções.
Em qualquer outro País civilizado, todo o desperdício de dinheiro e de resultados, teriam gerado uma tal polémica, que os seus autores não teriam outro saída a não ser demitirem-se. Em Albufeira, como no resto do País, os possíveis arguídos, não só fogem às responsabilidades como são capazes de exaltar os seus bons propósitos.
Mais do que brandos costumes e eu sou um português diferente, isto revela estupidez. A mesma que está pronta para lhes dar o voto, só porque o homem é boa pessoa, isto é, tem muita habilidade para se apresentar como bom católico (as hipocrisias e maldades não se vêem, logo não se sentem) e que está perto de todos, disposto a ouvir, embora não faça nada do que lhe pediram. O homem tem-se dado bem com os pequenos truques, levaram o PSD ao poder e neste tempo, não se destacou ninguém em especial, porque a obediência ao líder, abafa toda a expressão à sua volta.
É outro fenómeno típico de Albufeira, que as gestões sejam exercidas na condescendência dos senhores de outros interesses e que lhes interessa o descanso e as vantagens da sombra.
Se alguém cair, cai o homem do rosto visível e os interesses que lhe estão por trás podem sempre recolocar-se e prosseguirem o caminho. O dinheiro comanda e não gosta de publicidade, ao contário do presidente Desidério, que é um poço de vaidade e de ridículo.
O homem tem servido, o estilo tem servido e a da Lei veio colocar a preparação da continuidade da farsa. Quem vai ser o novo homem forte, depende da evolução dos acontecimentos e de quem vier a candidatar-se às próximas eleições, que os estrategos já perceberam, vão ser bem diferentes do que esperariam há dois anos.
A "Algarve Mais", há dois anos vaticinava a vitória folgada do presidente da sua eleição mas, distraída com os negócios da noite, pode não ter dado conta das mudanças que são visíveis na sociedade albufeirense.
Muitos amigos, controlando o tempo e as práticas, subiram os níveis de preocupação e olham com apreensão o futuro. E não é pela crise, atrás da qual se vão esconder a maioria dos políticos nos próximos actos eleitorais.
Admite-se uma perda real de qualidade de natureza descontrolada. A cidade não está agarrada e o que é conhecido em termos de ideias vindas do poder, não são convincentes nem apontam saídas.
O capital não gosta de incertezas, quer medidas, que lhe sirvam, como é óbvio.
Os dias passam e os apoios de hoje podem não ser os de amanhã. Ninguém dê nada como certo e o capital em Albufeira, já provou que está com a cor e as pessoas que lhe servem. Para bom entendedor...