Entendeu que devia dar um sinal positivo à Banca e à confiança no mercado financeiro, e com o dinheiro do esforço nacional, injectou-o em Bancos falidos e irresponsáveis. Começou mal.
Olhou para as empresas e negócios e renovou velhos mecanismos elitistas e filtradores, sem entender que tem de responder a uma epidemia e não a uma doença de regime.
A crise que não atingiu o apogeu, vinha corroendo a actividade económica e são raras as empresas que respiram saúde. A imensa maioria, contraiu mazelas com o fisco, a segurança social e a banca, que são factores limitadores de acesso às ditas ajudas do Governo.
Muitas destas mazelas, devem-se às políticas sugadoras praticadas por todos os Órgãos do poder, Governo e Autarquias, através de impostos cada vez mais altos e uma total pouca vergonha em pagar as suas dívidas.
O Governo adia devoluções de impostos e a maior parte das Autarquias tem dívidas de anos. O Estado sanguessuga e despesista, a coberto do interesse nacional, espoliou o sector privado e a população trabalhadora e para ajudar objectivamente o tecido empresarial sustentador das cidades, vilas e aldeias, no curto prazo, tem de pagar o que deve e de alargar os critérios de acesso ao crédito.
Pelas sua dependência do Turismo, o Algarve, para além dos efeitos nefastos da crise, tem outro problema estrutural, a sazonalidade, cuja gravidade não entrou na compreensão do Governo e das Autarquias.
Na realidade, só é entendida pelas micro, pequenas empresas e trabalhadores, que a sofrem na pele. Os trabalhadores passam mal nestes longos meses e os empresários vão à Banca empenhar os insuficientes rendimentos do Verão. Daí as mazelas que este Governo finge não perceber, ao montar inadaptados dispositivos de créditos.
É também desta realidade que falo, quando afirmo que o Algarve anda à deriva. E se fazem falta as variantes ao Turismo, precisamos das medidas certas para o momento!
Luis Alexandre
presidente da ACOSAL
Comentário:
A estruturação do mundo, na dependência dos mecanismos do capitalismo moderno, conduzirá ao anátema das crises cíclicas, entre períodos de grande crescimento das economias.
Os ideólogos de Economia, são incentivados e pagos para conceberem processos que refinem os mecanismos de maximização do lucro, até poderão alertar para alguns aspectos mais selvagens da sua aplicabilidade, mas o capital nunca olha para trás e como é ele quem mais ordena, ultrapassa os limites do risco reduzindo à insignificância quaisquer supervisores que se atravessem no caminho.
Falo dos Bancos Centrais e dos Governos, que têm os instrumentos políticos por legitimidade popular e não os usam.
A economia mundial tremeu nos anos 80, voltou a tremer nos anos 90 e adivinhava-se com os novos instrumentos financeiros entretanto refinados e apoiados nos lucros colossais gerados pela globalização e o aparecimento do furor consumista de muitos milhões de pessoas dos países emergentes, que a crise seguinte poderia, como se está a provar, ter uma dimensão devastadora.
Para os Países pequenos, como Portugal, que assentam o desenvolvimento da sua economia em investimentos estrangeiros com ou sem rosto e no incentivo ao consumo e ao endividamento, partindo o mau exemplo do próprio Estado e das empresas da sua órbita, uma crise nos principais mercados de absorção do que aqui se produz, terá consequências dizimadoras de sectores inteiros e coloca-o numa dependência que pode pôr em causa a independência nacional.
A palavra crise vai andar nas nossas bocas e nas nossas vidas por alguns anos.
Esta é bastante grave e depois da sua negação pelo Governo Sócrates, as medidas até agora tomadas não param a hemorragia dos encerramentos e da redução drástica dos rendimentos das famílias, que se vão abater em força sobre a actividade turística, da qual dependemos mais ou menos 3/4 da população do Algarve.
Os hoteleiros fizeram um primeiro aviso ao Governo e os sectores da restauração, comércio e serviços rapidamente vão-se fazer ouvir.
Não querendo ser tomado como alarmista e com convicção, também partilho da opinião do autor do texto, que o Governo ainda não percebeu as particularidades da Região algarvia e o carácter urgente dos apoios que têm de ser dirigidos à protecção das empresas e do emprego e no apoio aos inevitáveis desempregados e às famílias.
Atrevo-me a adiantar a minha ideia, que este é o momento, antes da época balnear para que as empresas se possam reestruturar e assegurar os empregos que vão gerar o dinheiro para o longo Inverno.
Nenhuma medida de apoio à actividade turística resultará se não tivermos clientes, o que coloca responsabilidades acrescidas nos ombros do Governo que já deveria ter iniciado uma campanha promocional do País e em especial do Algarve.