quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A CADEIRA DE LUIS XV

(A PROPÓSITO DAS RESPOSTAS INSATISFATÓRIAS A QUESTÕES LEVANTADAS EM REUNIÃO PÚBLICA DE CÂMARA)


Droga pesadamente viciadora, o Poder altera, normalmente, o comportamento dos indivíduos, num ápice. Tornado poderoso, o seu detentor, outrora pessoa decente, converte-se, frequentemente, num “junkie”, sempre à procura de mais e dele absolutamente dependente. Injectado pela droga do Poder, o “agarrado” começa a ter visões, confundindo aqueles que lho outorgaram com cãezinhos amestrados, de quem espera que lhe vão comer à mão. Incapaz de raciocinar numa base correcta, inverte os termos do mandato, e assume-se detentor de uma coisa que lhe não pertence, e para a qual foi apenas mandatado; na sequência, torna-se paranóico, e abusa da força para retaliar os fantasmas que lhe rondam como inimigos a mente febril. Ébrio pelo Poder, nas ressacas é assolado por amnésias frequentes, e conduz os seus actos no sentido exactamente contrário àquele que um dia prometeu... Rodeia-se de sabujos e de servos, seja na corte, seja fora dela: o negócio é a arma do silêncio… Dá-se ares de majestade. Aprende a articular os fonemas difusos de um dialecto extraterrestre, cujos termos não constam do dicionário e que, de facto, não significam absolutamente nada, mesmo depois de um esforço de tradução. Utiliza a burocracia de diligentes serviçais, dirigentes dos serviços, para manter distâncias, através de uma panóplia de truques “regulamentares” ao seu dispor. Sem limitação de mandatos, o mais certo seria converter-se em quadrúpede, dado manter o “background” de ignorância pré-primária sobre as matérias da cultura, pelas quais nutre um desprezo sobranceiro, em nome do pragmatismo político “pró-activo” e da “tecno-porcaria”, o que ajuda a completar-lhe o perfil, afinal, com a chaga cultural do subdesenvolvimento.

Esperar que este animal político tombe da cadeira, por distracção, enfado ou sonolência, não é aconselhável. Recomenda-se que o Povo volte a utilizar as ferramentas com que construiu a cadeira, para agora a desarticular, de modo a facultar ao fulano um “bate-cu” sem amnésias, diria mesmo inesquecível…

Para depois, podermos construir, finalmente, um assento democraticamente adequado.

Blogue “Da Luz & Da Sombra”, de jesimoes

em http://blogueluzesombra.blogspot.com

9 comentários:

Anónimo disse...

Fenomenal!!!!

Só um senão... infelizmente este texto descreve eximiamente aquilo que acontece a muitos políticos investidos - para manipular (e não para representar, como era de se esperar. Certamente que perturbará as consciências daqueles que ainda as tenham intactas. Os que não ficarem perturbados... pois então será porque estão de facto sob o efeito benzodiazepinico da droga do poder que já subverteu a consciência. A outra hipótese será a de que não estão perturbados porque não há neste texto nada que os perturbe, porque não se identificam minimanente com o perfil aqui descrito!

O que é trágico nisto tudo é que, infelizmente, um pouco por toda a parte, vamos assistindo a sessões públicas (e olhem que já assisti a muitas, muitas mesmo), vamos assistindo à descredibilização das figuras que escolhemos para nos governarem; vamos ficando com vontade de mudar de rumo; vamos ficando desiludidos com as sucessivas desilusões... Este texto pode ser uma metáfora hiperbólica, mas é um retrato acurado da face política da nossa sociedade.

Azedo, indigesto, mas real.

Anónimo disse...

...sem palavras, fenomenal!!!

Anónimo disse...

Os políticos quando alcançam a cadeira pensam que ela se gruda ao cú.
O Salazar tambem pensava assim e caiu dela abaixo.
O presidente da Câmara se pudesse tambem colava a cadeira ao cú, mas às vezes tem que se levantar para dançar no clube avô e para fazer discursos e quando se quer mostrar mais, pôe-se em cima dela.
Peneirices pela cadeira que chegam ao ponto de um evento não começar enquanto o presidente não chega para se sentar nela.
Só saloices à volta da cadeira e vamos a ver se não cai de cima dela como o outro.

Anónimo disse...

Srº anonimo o Salazar não caiu da cadeira saiu por doença e Quem caiu foi o profº Marcelo Caetano mas pense bem e diga que o nosso primeiro ministro não é pior que o filho de STª Combadão na altura dele quem era comunista ou falava mal do governo era preso agora temos a liberdade de falarmos mal de tudo e todos para mim a diferença é que cada vez há mais pobres e antigamente andava um para roubar mil e agora é ao contrário andam dez mil para roubarem um

Anónimo disse...

no excelente texto, peca por não falar dos dealers, e eles são tantos os que ensaboam o poder

Anónimo disse...

Quem é 0 culpado deste país estar assim? são os Portugueses, porque deveriam de vir para a rua e correr com estes gatunos que estão a sacar este país, e não o fazem, preferem continuar a beber a bica com o pastelo de nata e pedirem os empréstimo ao totta, bes ou bcp... ou estarão esperando por o tal D. Sebastião
http://www.blocoalgarve.org/

Anónimo disse...

Vocês acreditem que o homem está mesmo colado à cadeira mas é com o peso dos dinheiros que tem para fazer a campanha.

Os construtores sabem que não arranjam ninguem melhor para assinar os seus interesses.

O dinheiro vai para a continuidade e não para o rapazola ainda que apadrinhado pelo outro da mesma cor que se senta à mesa.

Vai uma apostinha?

Anónimo disse...

Vamos ver quem joga jogo limpo!

Assinem esta petição para o voluntariado na política... e reencaminhem para os vossos contactos.

Pelo País, pela abnegação mas sobretudo pelo nosso bolso, que esta Assembleia institua o regime de voluntariado entre a classe política. Sem esquecer a avaliação anual, naturalmente.

http://www.petitiononline.com/voluntar/petition.html

Anónimo disse...

É curioso analisar as intervenções públicas de comentadores políticos, no que se refere a eleições e candidatos às cadeiras do poder.
Claro que as análises não são destituídas de tendência, há sempre lá dentro brilho especial para alguém ou uma cor, e disparam currículos de passagem por este ou aquele departamento público, ou escola de quadros do partido, o inevitável dr (sem o qual passa para lugares secundários), mas raramente se referem às políticas e aos projectos e à capacidade de ler o presente para mudar o futuro.
São muitas eleições passadas, muitos Km de lenga lenga e quem lê um programa partidário, fica sempre com a sensação de estar sempre a ler a mesma coisa. Ficam-se todos no vai-se fazer e não se percebe como é que todas as promessas podem resultar numa mudança de fundo para a vila ou cidade, ou para o País.
Confesso que estou cansada deste discurso enfezado, apoiado nas máquinas partidárias que com o muito dinheiro que dispôem, muito dele de origens com interesses, nas entrelinhas dos referidos programas eleitorais.
Albufeira não tem escapado a estes truques e a pouca vergonha já está em preparação. O presidente da Câmara faz obra em cima das eleições, o PS traz à estampa um jovem desejoso de tão somente fazer carreira, o BE não existe só eleitoralmente, o PCP sorumbático e cinzento tem de arranjar alguém para entrar por obrigação na corrida e o CDS (que aqui nem enche um táxi)faz contas voto a voto para ver o que pode valer e se pode vender alguns a quem precise para as contas das capelinhas.
No meio disto tudo eu pergunto: e o povo onde fica, as suas necessidades e aspirações?