sexta-feira, 24 de junho de 2011

À atenção de Albufeira... a especulação anda por todo o lado e o novo PU já andará perto da discussão pública...

Entram e saem a conspirar…

A cidade e o concelho de Faro continuam na mira dos especuladores imobiliários. Um jornal diário deu-nos conta de novos projectos megalómanos que se preparam para zonas de valor acrescentado e classificação agrícola.

Mesmo enfrentando fortes críticas sobre o abandono geral da cidade, os erros ambientais e de ordenamento das zonas da Penha e Bom João, o executivo de Macário Correia apadrinha as intenções.

Com o estrangulamento financeiro em pano de fundo e ainda sem soluções, o executivo do PSD parece virado para o mais fácil, o procurar de receitas sem acautelar o desenvolvimento harmonioso da cidade.

Questionado sobre as decisões na calha, o presidente que anunciou estar a levar a cabo a construção de pequenas artérias de desentupimento de determinadas áreas da cidade para colmatar velhos erros urbanísticos, refugiou-se na desculpabilização de “aprovações de há 20 anos”.

Segundo o matutino (curiosamente a imprensa local não esteve atenta), as duas urbanizações em desanexação de terrenos RAN (Reserva Agrícola Nacional), vão comportar um total de 3050 fogos (1250 na Penha e 1800 no Vale da Amoreira). Estes projectos e possivelmente outros ainda escondidos, podem levar quase à duplicação da população farense.

Afinal, com a economia estagnada e o panorama do Algarve sem planos e objectivos para o seu crescimento sustentado, que sentido faz este crescimento da capital que hoje é praticamente uma cidade escolar e administrativa?

Onde estão os investimentos na economia do concelho e da própria região para justificarem este alargamento dos limites da cidade sobre terrenos de incomensurável valor agrícola? Com uma cidade necessitada urgentemente de requalificação e ordenamento como principal factor estratégico de desenvolvimento e suporte da sua entrada na actividade turística sobre as suas valências de mar (o desfrute da Ria Formosa) e terra (património monumental, cultural e paisagístico), não há qualquer fundamentação para alimentar novas zonas de especulação imobiliária.

Com um histórico recente de desordenamento e constrangimentos e um parque habitacional excedentário que engoliu parte da riqueza que deveria sustentar outros sectores da economia e levará muitos anos a escoar, o engº Macário Correia não pode, a pretexto de decisões antigas e erradas, repetir erros estratégicos ( a direcção de agricultura está contra e a CCDR debate…). Os problemas financeiros não podem ser explicação para ceder perante interesses que só procuram os lucros fáceis e não reinvestidos noutros sectores, como deixam os problemas posteriores às costas do erário público e não raras vezes da Banca.

As razões dos promotores privados colidem, neste caso, com os interesses globais da população do concelho. Os próprios negócios não têm base de sustentação, com a procura em baixa e o excesso de oferta. Quem vai comprar estes fogos? Imigrantes ou emigrantes? À custa de mais desertificação do interior? À custa de mais investimento sobre mais academia, sendo um dado absoluto as políticas de restrições no Ensino e com a cidade administrativa em depressão?

Na actual situação política, social, económica e financeira, cobrir a intenção será dar um passo em falso e o futuro da cidade e do concelho não podem passar por aqui!

Estejamos atentos, obriguemos os autarcas à discussão pública e não nos comprometam com factos consumados!

Luis Alexandre

Sem comentários: