PORQUE NÃO...
Vou revelar-lhes o que me confrange na resposta da Câmara, relativamente a uma reclamação de Mr. Michael Francis Flannery, a propósito da colocação indevida da praça de táxis da Rua Alves Correia junto à porta dos munícipes.
É, simplesmente, entender-se na resposta o arbítrio do “Porque não”, sem mais, perante a razão (e o direito) do reclamante.
Isso mesmo: trinta e quatro anos depois de Abril, os edis de Albufeira ainda não perceberam em quem reside a soberania, num Estado democrático, nem sequer o carácter das funções para que foram investidos.
É certo que alguém que não sente necessidade de tentar reparar, ou sequer justificar uma prepotência, duplicando-a ainda na resposta, dificilmente representa quem quer que seja, a não ser talvez os arrogantes e, por isso, nem valerá a pena mencionar-lhe o carácter contratual da democracia política, pois nem os arrogantes todos juntos lhe facultarão, certamente, a possibilidade de renovação do “contrato”…
Não há de a população portuguesa detestar a Política!...
E, no entanto, o “governo da Polis” devia ser a mais bem-vista das actividades, caso a função revestisse o seu carácter primordial de contributo pessoal, em experiência e conhecimentos à comunidade, através da prestação de serviço público, visando o bem-estar colectivo – como, de resto, acontece nos países cultural e socialmente mais desenvolvidos.
A Política é uma actividade de cidadania, que deve ser exercida, a termo certo, na conjugação de necessidades colectivas e de capacidades pessoais específicas para as satisfazer. Não é uma profissão, portanto, é um serviço público – específico e temporário!
Conclui-se daqui, que não passa de um equívoco passageiro, resultante da nossa incipiente cultura democrática, a existência deste rebanho de políticos profissionais dando-se ares de casta superior; papagueando banalidades; arrogando-se de direitos e arbítrios, no lugar de cumprir os deveres para com os demais; não servindo, mas servindo-se e exigindo ser servido; perseguindo as ideias e quem tem capacidade para as ter; devassando cidades, paisagens e outros valores.
Mas isto passa, vão ver… Porquê? Porque sim!...
José Eduardo Simões
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5 comentários:
Apesar de sentados em cima dos milhões do orçamento da Autarquia e ser fácil fazer política nestas condições, nota-se uma certa desorientação no Executivo do PSD, neste inicio do último ano de mandato.
Depois de 3 anos de política de serviço aos apoiantes e acreditando que 2 ou três obras de grande envergadura vão baralhar as ideias dos eleitores e chega para a renovação do mandato, eis que o tempo e o terreno lhes fazem assaltar algumas dúvidas.
Confrontando-se com o desespero de dois dos principais sectores da vida económica da cidade, o Comércio e Restauração e a ausências das pessoas nas suas iniciativas, mais a indignação dos taxistas com a falta de condições de trabalho e da população com os atrasos e acidentes com as obras das Ruas Cândido dos Reis e 5 de Outubro, o Executivo ainda não percebeu que vai no mau sentido e que pagará esta pesada factura.
Também não sabemos se há cura para tanta falta de visão estratégica para dirigir uma cidade bem servida de meios financeiros e que não foram canalizados para as soluções dos principais problemas.
os tipos da cãmara como nunca tiveram oposição porque o Anastácio é um deles e mais o outro que ninguem aqui conhece, têm cortado como querem e o aparecimento do forum está a dar-lhes muita luta e eles não gostam . As coisas ainda vão aquecer mais.
As ocorrências aqui publicadas nos últimos tempos, obrigam-nos a exercícios de memória e de julgamento que não têm conotação partidária e são simples opiniões reactivas.
Um presidente de Câmara não é uma figura qualquer, move-se ao serviço dos munícipes e com o seu dinheiro e numa deslocação oficial, como é que se explica a presença de um dos muitos empreendimentos de Albufeira, o Eden Resort, quando está instalada uma crise profunda no imobiliário, que afecta dzenas de empresas e se diz chegar às 8.000 mil fracções por vender?
Depois da má experiência de obras do Programa Polis, de parceria com a Câmara, que abusaram da carteira dos comerciantes e da paciência de todos, e trazendo a lume as desculpas dos edis locais, exigia-se preparação e eficiência de processos que não ressuscitassem fantasmas.
Um acidente é uma nódoa. Os atrasos são irreparáveis. Os prejuízos são um pesadelo.
Toda a encenação natalícia deste ano, parece mais uma demonstração de força e de dinheiro, do que uma boa acção pensada e sustentada nas opiniões dos comerciantes e na sua associação representativa.
O centro de Albufeira definha, os avisos da Associação perdem-se no ar e daqui não pode vir nada de bom.
Sem sermões, porque a verdade é mais forte que tudo e todos, Albufeira precisa de um abanão e de mudança.
Apetece-me comentar se estamos diante do:
"Ideias malditas"
"Crítica da Razão Pura"
"Cultura Amordaçada"
"Uma Garagem à Medida"
"Os subversivos da cidade"
"Laranja mecânica"
(títulos de livros)
Muito bem, Sr. José Eduardo Simões. Não o conheço mas canta a bom tom e as suas orações coordenadas e subordinadas mostram bem a descoordenação actual da nossa terra e a subordinação feudalista a que parecemos estar sujeitos. Como diz, e muito bem: "A Política é uma actividade de cidadania, que deve ser exercida, a termo certo, na conjugação de necessidades colectivas e de capacidades pessoais específicas para as satisfazer. Não é uma profissão, portanto, é um serviço público(...)"
Escreve mais à frente, e de novo de modo exímio, que o modo como a causa pública é gerida "não passa de um equívoco passageiro, resultante da nossa incipiente cultura democrática(...)" Daí "a existência de um rebanho de políticos profissionais dando-se ares de casta superior; arrogando-se de direitos e arbítrios, no lugar de cumprir os deveres para com os demais; não servindo, mas servindo-se e exigindo ser servidos; devassando cidades, paisagens e outros valores". Se me pudesse ver ou ouvir seria uma salva de palmas que o honraria. De facto, não só detém o dom da palavra, como também a sabedoria para a usar, e este não é um conceito banal. As suas palavras não são de quem relata Albufeira de fora, mas de quem a sente perder cada dia que passa nos últimos vinte anos, e que o sente com uma amargura imensa. A meia-laranja, o novo Peneco/"penedo", as ruas esventradas, os problemas da água ciclicamente por resolver, a prepotência totalitarista da entidade pública que gere os destinos desta terra. Que vergonha!
As sua palavras são de sabedoria: de alguèm que sabe o sabor azedo de ver Albufeira a tornar-se numa terra que entristece os seus habitantes de várias gerações e que tem vindo a afastar os turistas que nos procuravam antes pelo carisma próprio e hoje se resume a Verões-relâmpago e a pontuais aglomerados ruidosos e perigosos de concertos de rock e pop para quem gosta de cheirar estupefacientes e de atirar garrafas partidas ao ar a ver em quem vão acertar...
A Albufeira da ponte de fora, do passeio marginal, da praia da Baleeira e do Boqueirão, do mercado no centro, a Albufeira que nos encantava - a nós que a vimos crescer...essa perdeu todo o encanto. Espero seriamente que as suas palavras tragam alguma clareza às mentes de quem continua a decidir os destinos desta comunidade. Cada um de nós, munícipe desta terra, que se dirige à autarquia, residente de cada quarteirão e de cada freguesia, está a ficar doentiamente habituado a este tipo de resposta prepotente e ilógica, porque sem qualquer fundamentação!! De facto, na causa pública devem estar cidadãos a representar e a resolver os problemas da comunidade. Foi,realmente, para isso que foram investidos. Lamentável é que não conheçam as "cláusulas do contrato celebrado em 25 de Abril de 1974" e que serviu de base àquele que assinaram.
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