sábado, 2 de julho de 2011

Um princípio de polémica que interessa a Albufeira...

Mais do que a campina…

A campina de Faro há muito que está debaixo do olho daquilo que as “elites” julgam entender como “o eixo de crescimento natural da cidade”. Empresários e políticos que se prezem, já gastaram muitas horas de conversações e acertos de estratégias. O que não estava previsto, era a dimensão da crise e a incapacidade da autarquia em sair da falência provocada exactamente pelos avanços da mesma estratégia expansionista e insustentada.

As investidas sobre a ocupação e exploração do território passam sempre pelas ferramentas das decisões políticas que, no caso da campina, se entrelaçam entre diferentes directivas de várias entidades, todas de nomeação política.

A decisão da assembleia municipal, actual herdeira das anteriores nos atropelos à lei, à ruinosa organização da cidade e, sobretudo, da sua economia, não espanta como instrumento político formado por pessoas escolhidas a dedo e com compromissos para com os partidos e não para com a sociedade.

Os especuladores endinheirados, que não decidem nada, precisam dos jogos políticos e da contagem de espingardas para que as decisões tomem o caminho dos seus interesses. Foi assim no passado com as consequências que todos lamentam e tudo aponta para a sua repetição.

Nos séculos passados, a estrutura das cidades e vilas fazia-se à volta das centralidades baseadas em praças, jardins e edifícios emblemáticos. O seu crescimento não esquecia novos espaços sociais e sem o flagelo dos automóveis e num casario baixo e harmonioso, as últimas gerações de ruas são tão largas como as que hoje são planeadas para uma volumetria três, quatro, dez vezes superior.

As sombras caíram sobre as cidades, o convívio de rua desapareceu, luta-se por um lugar para os carros da família, cortam-se laços por não cumprimento do condomínio e o individualismo e a abstracção vão-se instalando na sociedade, o que muito favorece as decisões políticas reservadas aos eleitos dos partidos.

Faro é um exemplo vivo das contradições sobre o uso da democracia para fins de serviço às minorias que detêm o poder económico, evidenciado na velha urbe estruturada e o anel de confusão construído à sua volta.

Os mesmos partidos (PSD, CDS e P”S”) que não vêem mal na ocupação da campina, possivelmente por razões divinas…, foram os que mataram e endividaram a cidade e o concelho.

Os mesmos partidos que selaram o desordenamento e vêem nos centros comerciais novas centralidades (?!), são os responsáveis pelo empobrecimento da cidade, das suas forças económicas e do abandono do centro histórico, sobre o qual se joga uma injustificada especulação e abuso sobre o cumprimento da lei.

Os órgãos autárquicos continuam vesgos sobre prioridades…


Luis Alexandre

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