sexta-feira, 29 de julho de 2011

Duas ideias de esperança…


Com o alto patrocínio da Universidade do Algarve, foram lançados recentemente dois projectos para o interior e para o mar, que acendem uma luz de inovação e intervenção em duas áreas carecidas de novos desafios.

Numa delas, inédita entre nós, um professor universitário convenceu a instituição e um grupo de jovens licenceados algarvios a sediarem-se numa aldeia do concelho de Loulé - Querença -, fustigada pela desertificação e envelhecimento para, em inter-acção com a população ao longo de nove meses (curioso o augúrio com o tempo de gestação de um novo ser humano), definirem as valências, a sua estruturação e formas de desenvolvimento que abram vias de investimento, de captação e fixação de pessoas.

Depois de tantos discursos de retórica política sem intenção de sustentação prática, coube ao conhecimento dar um pequeno passo que traga, em função do empenho, uma nova dinâmica de esperança para o barrocal e para a serra algarvia.

Cabe a estes jovens desbravar um caminho, estudar e consultar para organizar um dossier difícil, feito de pequenos aproveitamentos da harmonia entre a terra e as pessoas, para lhe aumentar o envolvimento, a riqueza cultural, humana e produtiva.

Trata-se de um trabalho académico ligado à prática, que não pode deixar de ser aliado ao estudo das leis e à produção de argumentos para a sua adaptação à realidade envolvente. Esperemos que o esforço não seja para a prateleira das consultas… por culpa das velhas resistências políticas, supostamente iluminadas… como madrastas desleixadas…

A outra ideia, também de inegável valor e oportunidade, trata-se da constituição da Plataforma Mar do Algarve, com o objectivo, dito pelos proponentes: “ afirmar a região nos assuntos do mar”.

Com uma frente de mar claramente desaproveitada, esta associação, que arrasta consigo três municípios, tem um papel a desenvolver para além da profilaxia e colocar o dedo nas feridas das políticas nacionais e comunitárias que constrangem o retomar do aproveitamento dos largos recursos da frente de mar, das actividades profissionais às náuticas de desporto e lazer.

O mar do Algarve pode e deve voltar a ter uma importância estratégica no eixo da actividade económica, colocando-se na alternativa criativa ao Turismo de massas, cujas chagas tardam em ser lavadas e tratadas.

Nas últimas décadas, o Mar e o Sol do sustento de séculos, foram quase monopolizados pelo Turismo, numa visão estreita e castradora do seu esplendor e capacidade de alimentar as ambições do Algarve. A usura e os apoios políticos enviezaram-nos o curso histórico, que esta iniciativa deve ajudar a inverter.

A participação da UALG, como base científica de criação de ideias, da sua execução e interpretação, é de grande responsabilidade estratégica e insere-se nas expectativas dos algarvios para um novo olhar para a região. E diria mais, fazendo valer o seu histórico de leituras e conhecimentos, falta-lhe acrescentar a capacidade de confronto com os poderes da inércia…

Luis Alexandre

Sem comentários: