Absurdo
Se nos abençoasse a guerra, a peste, a fome
E se alastrassem vírus e bactérias
A podridão de cadáveres já sem nome
Seria luz para carnes e matérias
E gritos estando todo o mundo surdo
E balas reluzentes entre feridas
De quem já não o é, gente estendida
Pelas ruas do vazio, do absurdo
Onde o onde não existe, nem o quando
Só em memória, ao passado remontando
Em saudade do que outrora se viveu
E abafadas por mísseis fumegantes
Vozes vindas das ruínas, habitantes
Gritando “Ai Deus morreu!”, e deus morreu.
Absurdo II
Não há estado, não há escolas, hospitais
Todos cospem na esperança que tu beijas
Somos cegos e selvagens animais
Nada seguram as vãs cruzes das igrejas.
Rafael Coelho do Nascimento.
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