Como o peixe indefeso apanhado na rede, o povo português está enredado na sua secular missão de servir e pagar as contas dos que se arvoram em seus defensores. Como na pesca, mesmo sendo ilegal e flageladora dos mais pequenos, a malha fina é que dá dividendos.
A sucessão de convulsões do pós 25 de Abril - com pequenas travessias em que o grande capital dá trabalho, arrecada e os políticos chamam de prosperidade - constituíram-se num estendal de pedidos de sacrifício a uma população laboriosa e aforradora, para benefício de uma classe política, dividida entre a corrupção e a cumplicidade silenciosa, e uma classe de especuladores e banqueiros, que usaram os rendimentos desse trabalho e do seu esforçado aforro, sem qualquer controlo, transformando uma conta à ordem remunerada de uso dos dinheiros dos outros, numa conta sujeita ao preço de um serviço virtual.
Mais do que uma população aflita, que olha para as suas mãos e não se sente culpada de nada do que a acusam, temos uma classe política confrontada com a própria podridão espalhada na condução da vida do país e que recorre ao terrorismo económico e financeiro, para a fazer vergar.
Os arranjos políticos sucedem-se, tiveram no primeiro conserto a piedosa atenção do cavaquismo e a de sobrevivência do submarino à tona de água de Paulo Portas mas, os gritos de socorro para as incapacidades instaladas, vão justificar uma frente de consenso mais alargada.
Sócrates não quer ser um homem só - o seu partido está podre como o país – e, cada passo para o futuro tem de ter a maior base parlamentar possível.
Passos Coelho, sem margem para o uso da cartola, já foi em socorro secreto do Governo, oferendo-lhe o consenso com o qual lhe pensa comer os miolos.
Agradado com a medida tripa-forra de poupança dos bolsos dos grandes jogadores da bolsa, deu o braço a Sócrates e já combinaram tramar os vis desempregados e os RSI. As medidas seguintes, debaixo do fogo satânico da falta de liquidez, têm o olho nas regalias sociais que possam ser confiscadas ou contributivas, passam por atacar no IVA, talvez propondo uns simpáticos 22% e a transferência de produtos para escalões acima, sem esquecer o ataque às empresas, perseguindo-as e esquecendo a abominação de Ferreira Leite ao outro PEC.
Toda esta inteligência em movimento, não arquitecta cortar nos ordenados e reformas dos políticos, no número de deputados, na extinção de serviços sobrepostos ou inúteis, nos gabinetes do presidente e dos ex-presidentes, nos estudos e pré-estudos, nas consultadorias para amigos, na tropa, nas derrapagens douradas das obras públicas, nas despesas correntes dos ministérios, nas despesas perdulárias com os amigos das farmacêuticas e com as empresas e gestores públicos que agem sem arbítrio, entre outros.
Quanto a impostos e isenções, mais fogem e beneficiam as grandes empresas, nacionais e estrangeiras, que aquilo que eventualmente pagará o universo do trabalho. Se um Banco tem cobertura legal para onerar o nosso dinheiro por estar na caixa dele, porque razão o Estado é complacente e não defende a caixa de todos?
Quando os autarcas da Vidigueira decidiram apenas cortar nos seus salários, não foi o povo que protestou, mas sim, os seus comparsas dos quatro cantos do país. Era o que faltava…
Luis Alexandre
sexta-feira, 30 de abril de 2010
A GRANDE VIDIGUEIRA
A GRANDE VIDIGUEIRA
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
a canalha dos politicos cortarem nos ordenados deles ?está quieto !!!vai é haver sangue. Andamos nesta conversa desde que nasci, só crise só crise mas para quem ?
carlos
Que se acabe com os governos civis,juntas de freguesia e mais tralha autarquica que existe.Para que servem?Já resolveram alguma coisa?Veja-se o problema do ruido,ninguem tem tomates para resolver o problema,assim sendo não tem razão para existir.
A Gestão da CAMARA MUNICIPAL DA VIDIGUEIRA É DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS o unico partido sério, responsável e honesto que existe em PORTUGAL, eles baixaram os seus ordenados 10%, é obra e aumentaram os restantes funcionários que ganhavam menos, os outros todos eles fazem o contrário ROUBAM aos DESENPREGADOS, aos POBRES para dar aos RICOS, gajos como Cavacos, Catrogas e Medinas que como ministros têm robado tudo e todos e se armam em moralistas
PSDFG
Enviar um comentário