A última crónica de Desidério Silva no “CM” de sábado passado, com o sugestivo título “Portugal agradece”, é um exercício de esforço intelectual para se incluir no morno circuito de paixões em que se tornou a vitória do Dr. Passos Coelho e nos vivas que lhe foram dados.
O homem, que levou a sua concelhia a uma média de votação superior à da região e do país, faz questão de evidenciar o seu papel de presidente da comissão de honra para a região.
Desidério Silva, um eterno esperançado em voos que acha lhe são devidos (vamos lá saber porquê), sente-se parte da vitória e, tal como no seu esforço com o Dr. Meneses e os amigos de Gaia, onde deveria ter alguma promessa no coração, acredita nesta segunda oportunidade para qualquer coisa que o promova para além da autarquia.
Diz a crónica: “Acredito que Passos Coelho representa um virar de página no partido… e uma nova esperança para o país”.
Claro que Passos Coelho é o virar de outra página, tal como a de Meneses, num livro de confusões e lutas intestinas, numa ânsia de poder que tira a lucidez de perceberem se o que dizem é o que o país quer ouvir e anseia.
Os optimistas da pressa de chegarem aos lugares de comando, como este exemplar sulista, nunca são boa companhia a quem tem necessidade de tranquilidade para estudar e perceber os passos que têm de ser dados. Passos Coelho já deve ter percebido a situação e a tarefa hercúlea de pôr as ambições mesquinhas no seu lugar.
Noutro passo escreve: “Não creio que o país possa suportar um PSD fracturado e a falar a várias vozes.” Parece um apelo em desespero mas tem a virtude de dizer a verdade, que as eleições não apagaram. Há um vencedor mas, não há muitos convencidos.
Quanto ao país, conhece bem o PSD, embora este não revele conhecê-lo. O país conhece o PSD e afastou-o do poder, embora reconduzindo um partido que o governou mal. Nas eleições passadas, um Sócrates desacreditado foi reconduzido numa escolha inútil entre pessoas que não mereciam confiança. A Dra. Manuela já saiu de cena e o caminho está aberto para Sócrates. É só uma questão de tempo.
Desidério Silva, que já afirmou numa revista cor-de-rosa, anos atrás, “pelo que já fiz (?!?!) já mereço um lugar de deputado…”, deve causar preocupações futuras na formação das listas, sobretudo nos seus critérios, que continuarão a ser de pagamento de serviços.
Mesmo esta realidade, não é passaporte para ninguém…
FORUM ALBUFEIRA
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