domingo, 18 de abril de 2010

DA LUZ SE FAZ O DIA

Poucas horas depois da realização das assembleias das empresas EDP e PT, onde o universo do capital popular de nada vale e decidem as maiorias poderosas, uma onda da direita clássica e da imprensa dava destaque ao desprezo destas empresas às recomendações do Governo, sobre remunerações e prémios de… produtividade.

Estas empresas de participação privada, onde só na PT o Estado tem decisão de ouro e agem como abutres sobre os preços do mercado, dispondo da almofada das cobranças fixas actualizadas, têm a tal produtividade assegurada, no interesse de todas as partes, menos dos consumidores.

O facto de não ser motivo de aprovação o que é chamado de recomendação do Governo - que a fez não por convicção democrática mas por receios da situação económica e financeira que ajudou a criar e pondo os trabalhadores a pagar mais um episódio da crise continuada - quase em simultâneo nas duas empresas, não tem nada de cartelização e muito menos de servir uma estratégia que visa desautorizar o poder político sobre a enorme capacidade financeira e de influência, destes e de outros potentados.

A desfaçatez do grande capital acolitado nas grandes empresas estratégicas portuguesas, em momento de grande fraqueza económica e financeira do país e do Governo PS, em estado depressivo e à mercê deste, prenuncia que depois do banquete de grande exploração nos últimos 12 ou 13 anos, estão na primeira linha, não para participar no que é apelidado de esforço e solidariedade, mas em continuar a sua saga. Não nos admirava nada que a confiança desta batalha inspirasse, sem que se possa induzir malevolamente conspiração, que outras empresas, incluindo a Banca, seguissem o virtuoso exemplo.

Alguns arautos da inocência, elevam a oportunidade da discussão e da ilusão dentro do capitalismo, da separação entre poder político e económico, como se os dois não fossem historicamente um facto, mutuamente usufrutários e que desejam morrer abraçados.

Do outro lado do equilíbrio circunstancial, até ao próximo OE e eleição do PR, está um novo dirigente partidário, que vê nestas atitudes da PT e EDP, um reforço de convicção dos seus projectos de fazer passar para os privados, o lado produtivo e rentável do sector empresarial do Estado.

Ainda não existe um Governo sombra do PSD mas, já se fabricam medidas e acções sombra para objectivos muito concretos. E até foram os primeiros a festejar a independência de uns e a queda de outros.


Luis Alexandre

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