segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Reflexões sobre (In)Justiça


Até o mais humilde dos cidadãos, reconhece que sem Justiça não há democracia. Mas as partes que nela intervêm, não se incomodam e as trocas de acusações merecem a real desconfiança de que fazem parte das regras do jogo.

Conhecendo o problema, há dias voltei a ouvir relatos desagradáveis sobre um aspecto vulgarizado na nossa sociedade, a violência organizada, contratada e paga nas cobranças.

A presença em Portugal de bandos devidamente identificados de marginais para este tipo de serviços, razão porque há sempre alguém com um nome ou número de telefone para passar a quem precise, vem colocar um considerável jogo de raciocínios, uma vez que para além do conhecimento, há ainda o envolvimento e virar de costas dos vários agentes da Justiça.

Juízes, advogados e polícias conhecem estes meandros e as vítimas, sem que lhes ouçam as razões, são raptadas, violentadas e ameaçadas de represálias sobre as próprias famílias e bens.

Se existem casos de dívidas que os Tribunais não dão solução atempada, a imensa maioria, e justa, uma boa parte delas, que levam ao desespero os queixosos, também entram na orla destes serviços, aqueles casos em que a violência é exercida sobre quem quer, pelo diálogo, cobrar dívidas de um ou grupos de indivíduos bem posicionados na sociedade. E tudo é feito por uns, com conhecimento dos círculos próximos, que se dividem no apoio e na condenação.

A denúncia desta situação, que não é tão rara como poderão os leitores imaginar, mostra bem o estado de apodrecimento da nossa Justiça. Muitos advogados, impotentes ou coniventes, são testemunhas silenciosas dos desabafos que degeneram neste tipo de violência, cujos meios nunca poderão ser legitimados pelos fins.

Com a degradação rápida das condições económicas das famílias e das empresas, os números exponenciais de conflitos abriram as portas a estes julgamentos sumários em que a Justiça e os seus intervenientes são meros espectadores.

E o que mais nos deve preocupar, é que ninguém quer alterar o rumo das coisas, porque o poder económico e político precisam de uma Justiça bem moldada…

Luis Alexandre

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