sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Regionalização na lista de espera do PSD


Passos Coelho, o novo aprendiz de barão do PSD que tem um sonho e faz sonhar as fileiras famintas, até à conclusão das duas principais premissas – a concretizada aprovação do OE e a eleição próxima de Cavaco -, que lhe abrirão as portas do poder, mantém-se até ao dia 23 no conforto do silêncio.

Antes deste pacto com os interesses estratégicos do seu partido, teve tempo de aludir à pressão de um punhado de seguidores que se comprometeram publicamente com a regionalização.

Peremptório, disse que “não era hora para a regionalização”, responsabilizando as desconfianças dos credores externos do país.

O que podemos concluir desta originalidade é que, Passos Coelho e o grosso da coluna dos seus colaboradores e os interesses que representam não estão convencidos das vantagens da regionalização e, sobretudo, não se querem desviar do objectivo de poderem chegar ao poder.

O ano de 2011 reveste-se de extrema importância para os carreiristas do PSD perante a possibilidade de eleições antecipadas, pelo que, de maneira alguma querem perturbar os sectores da sociedade que não interiorizaram a necessidade da regionalização ou se lhe opõem.

Mendes Bota, incondicional de Passos Coelho pelo papel de relevo na sua eleição partidária e com naturais expectativas (finalmente) de chegar a um lugar num futuro Governo, não foi contra as palavras do líder e recatou-se, como fundador e principal figura do movimento “Regiões Sim”, numa curta nota pública de pedido para que não abrande a paciência dos seus seguidores.

Absolutamente concentrado no dever nacional, o líder do “Regiões Sim”, descalça a bota da falta de fé de Passos Coelho e da direcção nacional do seu partido mais o seu esfarrapado argumento, com a suavidade de não querer instabilizar o ambiente político e a crença de que o PSD se mobilizará para a inclusão de uma fresta constitucional sobre a regionalização.

Este interregno no combate político pela regionalização e cedendo aos interesses superiores do PSD, tem uma leitura de difícil aceitação dos seus pressupostos, não bastando uma simples nota de imprensa.

Mendes Bota deveria explicar-se da oportunidade da sua declaração ou o “seu” movimento, que pela sua composição não deveria ficar refém dos motivos adiantados por membros de um partido e entram em rota de colisão com toda a carga política estratégica subscrita e apresentada à população.

A regionalização, que goza de um profundo respeito e apoio entre uma parte considerável da população, é um problema interno do país e não depende da voracidade dos chamados credores internacionais, não valendo a pena esgrimir os fundamentos do argumento.

Se as pessoas entenderem que o movimento “Regiões Sim” é um instrumento de fabricação de protagonismo político e sujeito às oscilações de interesses estranhos aos objectivos, mais do que a sua credibilidade posta em causa, é a da regionalização que poderá sofrer revezes.

A regionalização é um dos temas candentes da sociedade portuguesa que um anterior referendo baseado no desinteresse partidário não apagou.

Profundamente descontente com o centralismo exacerbado do seu sistema governamental e parlamentar, único responsável pelas assimetrias regionais, a população portuguesa continuará a exigir que o debate necessário para as decisões seja levado até ao fim.

Luis Alexandre

Sem comentários: