segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A direita cantava vitória


Na última sexta-feira, os ideólogos da direita já discutiam os acordos pós-eleitorais dos partidos apoiantes de Cavaco Silva para chegarem ao poder. A eleição de Cavaco era só o primeiro passo e concretizou-se.

A vitória de Cavaco Silva é a derrota das políticas dos Governos do PS e José Sócrates, apesar de este, o presidente reeleito, as apoiar pela aprovação dos PEC e do OE para o ano de 2011.

A vitória esmagadora de Cavaco Silva, que ganhou em todos os distritos e representa os interesses capitalistas nacionais e internacionais que produziram a actual crise e as soluções repressivas que o país atravessa, traz consigo a derrota daquelas forças que se arrogam de esquerda e que no exercício do poder governativo perante elas se ajoelharam.

Manuel Alegre, o candidato melhor posicionado e representante de uma esquerda burguesa e diletante, que nunca se demarcou das políticas da sua matriz partidária e detentora do poder, foi derrotado porque não logrou a confiança da massa popular que protagonizou a maior abstenção em eleições presidenciais.

A derrota de Manuel Alegre prenuncia a facilidade institucional da direita em rebater o Governo e o partido que o apoia, criando as condições políticas para que o presidente reeleito, cuja campanha explorou de forma oportunista a política governamental de que é conivente e que não difere em termos de fundo da que praticou em igual exercício, abrindo o caminho à dissolução da legislatura para cumprir uma estratégia de reforço de poder nas mãos do grande capital que o apoia.

A reeleição de Cavaco Silva, cujo mandato abrigou as exigências e a especulação externas sobre a vida dos portugueses e a independência nacional, constitui mais um acto de reprovação sobre Sócrates e o Governo PS, do que um reconhecido mérito e identificação com os problemas do povo português.

Confirmados os resultados que nos oferecem um presidente eleito com menos de um terço de portugueses, o que poderemos esperar dos tempos vindouros?

Para os trabalhadores, caso não ousem confrontar o sistema instituído que os humilha e explora, o que fica garantido é uma velha forma de analisar os seus protestos e a sua repressão, como a que assistimos recentemente sobre sindicalistas em protesto.

Para o poder económico, de raiz nacional ou internacional, que se apropria do trabalho a troco de salários miseráveis, é a protecção a partir da visão presidencial de manter um rumo no país.

Para o PS e PSD, perdedor e ganhador ocasionais nesta situação eleitoral, trata-se da luta por uma alternância de poder para os mesmos objectivos que a crise política continua a impor e que os uniu.

A eleição alcançada por Cavaco Silva, como expoente da confiança do capitalismo e no contexto de convulsões sociais previsíveis, vai ser um factor de apoio ao agravamento das condições de vida do povo português e de repressão das lutas que ousar travar.

Deixemos que o tempo fale.

Luis Alexandre

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