sábado, 29 de janeiro de 2011

As presidenciais e o Algarve



Se a maior votação de Cavaco Silva não espanta, a divisão do espaço dito socialista por Alegre e Nobre, tirou o sono aos seus dirigentes.

Embora todos tenham perdido face à maior percentagem de abstenção nacional, Cavaco Silva, o vencedor, teve menos votos que na anterior eleição, revelando a compreensão dos sectores mais avançados da sociedade algarvia sobre o afastamento deste dos problemas concretos da região.

O líder regional do PSD limitou-se às felicitações da praxe que servem os interesses de capelinha com os olhos postos na estratégia de poder nacional, deixando para os adversários do poder governativo, “o reconhecimento que os resultados necessitam de profunda reflexão”.

O que isto na realidade quer dizer, apesar do esforço do primeiro-ministro em separar as águas eleitorais, é de que o Governo não tem credibilidade entre os algarvios.

Miguel Freitas percebeu o significado dos resultados e vai reunir o estado-maior para os analisar. Caiu na realidade indesmentível e para a qual tem contribuído com muita propaganda, que os Governos do PS votaram a conjuntura algarvia ao desprezo, cortando no investimento, ignorando os problemas do enfraquecimento económico e financeiro, a degenerescência do emprego e a situação social em geral, arrastando as promessas sobre as obras de grande valor acrescentado – o Hospital Central e a requalificação da EN 125 -, querendo ainda agravar as condições de vida com a imposição de portagens.

As eleições presidenciais acabaram por pôr a nu as fragilidades da actividade e das posições dos dois principais partidos da região, mancomunados com as estratégias nacionais de aplicarem as medidas repressivas sobre a população portuguesa.

Servindo as suas condutas de silêncio sobre as movimentações de organizações e pessoas em protesto pelas portagens, os seus candidatos não foram chamados a pronunciarem-se. Os assuntos específicos da região não mereceram quaisquer referências. Vieram unicamente pelo voto, como se as leis não fossem sancionadas pelo poder presidencial.

As lições tiram-se das práticas e os algarvios têm ultimamente podido constatar que os ventos dos interesses pessoais dos que nos dirigem se sobrepõem aos interesses colectivos com que se fizeram eleger.

Num exercício mental oportuno e face a possíveis eleições legislativas antecipadas, imaginem sobre que matérias incidirão os novos lotes de promessas.

Nesta luta cega pela sobrevivência da ordem capitalista que nos afundou, o Algarve não pode esperar complacência. O presidente reeleito passou-nos ao lado no primeiro mandato e se nos brindou com o silêncio, podemos compreender o que nos espera. No dia seguinte às eleições, a REFER anunciou 5% de aumento nas tarifas no Verão, sobre o aumento verificado neste princípio de ano. O novo líder do PSD, o mais incisivo que conseguiu ser foi em defesa da agilização burocrática do Estado, porque tem processos de investimentos imobiliários pendentes no seu município. Miguel Freitas, ainda anda às voltas com os números que prometeu apurar sobre investimento central do Estado. O famoso Grupo de Estudos sobre Transportes prometido, quando nascer já arranca com estes aumentos no bucho. No entretanto, todos os deputados eleitos pelo Algarve estão em penitência profunda.

Não faltam razões para o descontentamento algarvio!


FORUM ALBUFEIRA

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