sábado, 10 de março de 2012

A "excepção" da TAP: Contra a Regra do Roubo do Salário



Como é sabido, o governo de Sócrates, com o apoio do PSD agora alcandorado ao poder e do Presidente da República, decidiu confiscar os salários dos trabalhadores da função pública entre 3,5 e 10%, com início em Janeiro de 2012.

Entretanto, com a chegada da tróica, o governo de traição nacional PSD/CDS resolveu alargar esse confisco aos salários dos trabalhadores das empresas públicas, designadamente as dos transportes, a RTP, a CGD, para além de, como se sabe, ter também roubado o salário correspondente aos subsídios de férias e de Natal por inteiro.

Sucede que os trabalhadores da TAP, no próprio dia em que receberam o seu salário de Janeiro, com a subtracção da parte confiscada, pararam imediatamente o trabalho e bloquearam a entrada dos hangares, preparando-se para prosseguir a luta por outras formas.

Aterrorizado com o espectro de uma greve prolongada, o governo veio recuar, aceitando não aplicar a medida nesta empresa, ainda que invocasse argumentos perfeitamente descabidos para tentar justificar a cedência.

Perante isto, desencadeou-se uma reacção totalmente oportunista, reaccionária e anti-operária, que serve naturalmente os objectivos do governo, e que consistiu em centrar a discussão em torno de saber se deve haver lugar ou não a excepções em matéria de vítimas da austeridade imposta pela tróica.

Isto é, para tais energúmenos, não abranger os trabalhadores do sector privado neste roubo directo do salário já teria sido uma imoralidade, quanto mais colocar de fora quem trabalha nesta ou naquela empresa pública.

Esta manobra de conduzir a discussão para saber quem está a favor ou contra a excepção, no que respeita à redução salarial, o que pretende verdadeiramente é dar por assente e adquirida a regra do roubo do salário, que assim estaria fora de qualquer contestação.

Como também se deixaria de falar no facto de os mesmos trabalhadores, agora incluindo também os da TAP, terem sido espoliados dos subsídios de férias e de Natal.

Para além de já ninguém se colocar sequer a questão de saber como é que, não estando suspensa a Constituição, se pode chamar de medida de excepção ao pagamento integral do salário devido ao trabalhador.

O executivo Coelho/Portas e os seus comparsas Seguro e Proença, sentindo-se cada vez mais encurralado, irá ensaiar diversas manobras de divisão dos trabalhadores para enfraquecer a sua luta e, principalmente, desviá-la do objectivo político fundamental do derrube do governo de traição nacional, sendo certo que não deixará de contar com o desmascaramento e resposta adequados.

Os trabalhadores da TAP, não só têm que repudiar essa tentativa de os dividir dos restantes, como é sua estrita obrigação demonstrar a sua solidariedade na luta contra o roubo do salário a um único operário ou trabalhador que seja, prosseguindo o combate contra a privatização da empresa e o confisco dos subsídios de férias e de Natal.
E, mais do que nunca, impõe-se que estejam na primeira linha da greve geral nacional de 22 de Março!
 

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