sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Começou o cerco ao desiderismo?


O conjunto de acontecimentos que se vêm desenrolando em redor das práticas do executivo autárquico, dão forma a um elevado nível de cansaço e desorientação política que, nem a perspectiva de resignação de Desidério Silva a nível local para sonhos mais altos, consegue determinar estímulos para uma linha de assertividade e equilíbrio para a sucessão.

Os vícios de forma da gestão adquiriram uma tal expressão, que somados ao agravamento da situação económica e financeira do país com largos reflexos nas finanças locais, onde o volume das perdas de receitas colocam graves problemas de satisfazer compromissos e promessas, bem como uma conduta de despesismo de novos-ricos, cujas soluções são a busca desesperada de receitas sobre os munícipes, em duplicação do que faz o Estado central, leva a que o presidente espreite a oportunidade de sair, disfarçando um quadro de falta de soluções.

A quase paralisação do imobiliário, das suas transacções e da consequente quebra de receitas, o ter de enfrentar a opinião pública e a IGAL a propósito da reedição dos pagamentos à empresa dos lixos – a Cavacos SA –, que reclama milhões fora de contrato devido a discussão e decisão na assembleia municipal, as estações de tratamento que disparam sujidade para as praias em plena época balnear derrotando as teorias de investimento neste sector vital para a imagem do concelho, colocando em causa a eficácia do emissário decidido fora de planos no âmbito das asneiras do Programa Polis e após as inundações da baixa, o caso das ilegalidades na urbanização das Texugueiras, como facto concreto sobre muitas suspeitas de outros favorecimentos na área do urbanismo e contrapartidas devidas ao usufruto público, a correr no Ministério Público, a derrota sofrida pela mobilização da população contra o ruído autorizado, entre outras situações, com destaque para os custos das sucessivas derrapagens das obras lançadas no concelho, são motivos exponenciais de um acumulado da má gestão camarária, susceptível de configurar uma linha descendente nas motivações.

Tal como o PS implodiu pelas suas más políticas, ao ponto de serem um minúsculo reduto e mesmo assim dividido, o PSD, está construindo o mesmo horizonte de contradições com a população, pelos mesmos ou outros caminhos, igualmente enviesados, que só a falta de uma oposição local, organizada, dirigida com outros princípios e consistente, faz com que a situação não se desmonte mais rápido.

A gravidade da condução autárquica, com opiniões diferentes no seio do PSD e o rompimento de compromissos dentro do funcionamento da administração local, são um sinal positivo para a sociedade, mais atrasada na compreensão dos constrangimentos que se revelarão consequência e nefastos para o nosso desenvolvimento futuro.

O desiderismo espraiou-se em dois mandatos de vacas gordas, à custa do imobiliário e das taxas autárquicas mais elevadas do país e algumas aumentadas no princípio deste terceiro, quando as dificuldades por si criadas e as da conjuntura evidenciam quebra de provimentos para os encargos, as desculpas substituíram as ideias e as juras programáticas votadas há menos de um ano preparam-se, na oportunidade das promessas do chefe do PSD se concretizarem, para mudar de mãos, alargando o espaço de manobra de incumprimentos do sucessor sobre o que não prometeu.

O desiderismo, substantivado pela dupla Desidério Silva/Carlos Silva e Sousa, com este último a salivar o desejo da presidência, trava uma luta pela sobrevivência, nestes tempos conturbados em que a envolvência política de grave crise local e do país não protege os seus autores.

FORUM ALBUFEIRA

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