Hipermercados, edis e as ondas que interessam

Sobre a abertura dos hipermercados aos domingos e feriados, com a parte mais difícil alcançada pelas pressões dos patrões através da APED e o Governo a despachar a decisão final para as autarquias, nenhuma destas quererá ficar atrás do vizinho e ao mesmo tempo chamar para si o ónus da questão sobre quaisquer protestos.

Claramente incomodados com o assunto, o que prova a vitória das pressões sobre as convicções, numa matéria que desejam ver resolvida a favor dos patrões, os edis dos concelhos com maior concentração de hipers, questionados pela imprensa, fogem às respostas, escudando-se em necessidade de concertação que não sairá a partir da ANMP…, mas cujas decisões aparecerão à luz do dia por arrastamento de alguém de entre eles.

O que os edis querem, nestes tempos políticos conturbados, é que não haja um rosto, ou rostos, para o que há muito está cozinhado pelos partidos a que pertencem e pagarem o preço de hostilizar as direcções e os financiadores.

No Algarve, os três concelhos mais enterrados pelo domínio das grandes superfícies, Albufeira (o 4º do país num concelho com menos de 50 mil habitantes), Portimão e Faro, não hesitarão no sim, sem que apresentem aos seus munícipes, como no passado, os estudos dos novos impactos nas economias locais.

O presidente do Município de Albufeira, ao seu estilo de fuga, respondeu aos jornalistas “que tem mais em que pensar”, como se a questão que tem atravessado um longo debate nacional, não tivesse mais consequências negativas no micro tecido do concelho e azedou com a decisão do Governo de lhe dar a palavra. É mais um, pronto para ser levado pela onda.

A Confederação Geral do Comércio já deu conta do seu descontentamento para que tudo avance e, quanto à ACRAL, também já fez o protesto público do costume e a vida continua na impotência total da subserviência aos manobrismos partidários, que os puseram lá e não convém afrontar com os olhos postos nos subsídios e em desejos de voos mais altos dos seus dirigentes.

Daqui a um ano, todas as entidades envolvidas no processo de decisão, têm a obrigação de mostrar os mapas de resultados, não os financeiros que são o objectivo destas empresas e sabemos que serão saborosos, mas os do emprego, respectivas remunerações e ganhos para a actividade económica local.

Dados os antecedentes, vamos esperar sentados…

FORUM ALBUFEIRA