CRÓNICAS DE MANUEL AIRES.

TEMPO PERDIDO SEM APELO NEM AGRAVO

A Câmara Municipal de Albufeira têm-se esforçado por tapar o sol com uma peneira, fazendo uma propaganda dos progressos e beneficios duma gestão que ao fim de 8 anos deixa muito a desejar uma vez que não tem obra para mostrar e muito menos qualquer vantagem para as gentes do concelho que sendo pequeno e rico os cidadãos são pobres fazendo lembrar os problemas que sofrem os depositantes da banca falida que não pode garantir aos depositantes as economias de anos de sacrifício porque os seus Administradores desviaram o dinheiro para paraísos fiscais e apostaram em fundos tóxicos ao ponto de jamais poderem recuperar o capital depositado mesmo sem qualquer remuneração acordada no acto da formatação dos contratos. Apesar de aparecer nalguma imprensa dados que podem provocar duvidas nas cabeças de algumas pessoas bem intencionadas, a realidade é bem diferente e foi revelado que Albufeira é o terceiro concelho algarvio com mais desempregados cujo registo nos Centros de Emprego, confirmam. Albufeira é uma terra insegura e todos os dias são revelados crimes violentos ali cometidos e podia continuar a enumerar índices negativos em todas as áreas sobretudo no sector turístico em queda acentuada.

Tudo isto não se pode justificar com o labéu da crise, porque a crise tem costas largas mas não cabe lá tudo visto que quando em 2001 este executivo tomou posse pela primeira vez, não pode dizer que não os deixaram governar. Antes pelo contrário, com uma maioria absoluta, sem oposição, e até uma oposição que tinha estado aos comandos do município durante 25 anos sem produzir nada de significativo para recordar, e foi por isso que mudou de mãos, embora as mãos sejam as mesmas, podendo concluir-se que os actuais gestores deviam ter feito maravilhas tendo à partida todas as condições que jamais alguém virá a ter porque o capital de confiança politica esgotou-se para os Partidos do “Bloco Central” de interesses, tendo agora que ser outros a reconquistar a confiança das populações sistematicamente enganadas por políticos carreiristas que põem os interesses pessoais e de facção acima das promessas nunca cumpridas quando nas campanhas eleitorais, utilizam todos os métodos para caçar os votos e se perpetuar no poder.

No segundo mandato, iniciado em 2005, com uma maioria absoluta reforçada, ainda menos oposição tiveram e nenhuma desculpa de não terem realizado projectos que favorecessem o fiel eleitorado e o Concelho na sua máxima dimensão, sem folclore, futebol/futebolite, nacional-cancionetismo, exposições de figuras nacionais e estrangeiras de pouco ou nenhum relevo, artistas requentados, festivais de mau gosto, fogo de artificio caríssimo, já em tempo de crise, geminações saloias sem retorno económico e cultural, quando as energias deviam ter sido canalizadas para projectos culturais não alienantes, com reais figuras da cultura, das artes cénicas e plásticas, da literatura, do artesanato, da economia, da politica pluralista e não só, analfabetos à capela, da urbanização, da arquitectura, que teria criado outra cidade sem mamarrachos e vias de circulação bem desenhadas, enfim, muito pouco se fez e perderam-se 8 longos anos que podiam ter sido de oiro, como aconteceu noutros concelhos vizinhos de Loulé e Portimão que hoje são exemplos.

Albufeira, está numa situação bem complicada e será uma herança difícil para quem vier a seguir mediante o resultado das próximas eleições autárquicas de Outubro de 2009. Esta maioria nunca mais se repetirá e duvida-se mesmo que a actual equipa consiga uma maioria simples. Foram muitos os erros, as asneiras, dificilmente seria possível fazer pior, e como não há uma renovação de pessoas, os métodos serão os mesmos que provaram aos nativos que não podem continuar a apoiar pessoas e partidos que nas horas difíceis que se estão a viver não foram solidários para com as populações como se provou nas célebres cheias consecutivas de Setembro de 2008. Está na hora da prestação de contas, do muito dinheiro que foi gasto e não foi investido no saneamento, na higiene, na limpeza, nas infraestruturas nas obras de requalificação, na preservação ambiental e muito mais.

Se em Portugal acontecer uma catástrofe como a que varreu a Itália no dia 6 de Abril com um sismo de grande intensidade, provocando centenas de mortos, desaparecidos e milhares de feridos para além de 100 000 desalojados, a zona ribeirinha será a mais afectada, e Albufeira com uma construção civil desajustada ao território, com uma pressão habitacional de casas não dimensionadas para as reais necessidades da população, com uma fiscalização deficiente e a falta de rigor no ordenamento do espaço urbano, as consequências trágicas serão incomensuravelmente muito superiores, devendo ser tomadas medidas de correcção imediatas e não somente quado a casa desabar. Tal como o cientista italiano, que deu o alarme, mas que não foi escutado, no nosso País acontece o mesmo para com aqueles que fazem uma critica pela positiva, no sentido de alertar e evitar o abismo. Normalmente, são mal interpretados e até perseguidos, e quanto a isso a minha vivência em Albufeira tem passado as “passas do Algarve”, mal tratado por pessoas que tinham obrigação de ter uma conduta cívica respeitável. Não é este o momento de avivar a memória de quem não tem cultura democrática. A minha solidariedade vai exclusivamente para o povo italiano.

MANUEL AIRES

manuel.j.c.aires@gmail.com