quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As voltas da política



Um objecto em volta de...a política em volta de...


Com o orçamento aprovado de fresco na congregação de esforços do Governo PS e o PSD de Passos Coelho, sob a bênção de Cavaco Silva e a insatisfação de inutilidade dos restantes partidos, os cenários da sociedade portuguesa não sofreram grandes alterações, exceptuando o engrossar da revolta popular.

Funciona um Governo vazio de ideias sobre um país falido e à mercê dos especuladores financeiros e das ordens da Alemanha e França, com o partido que o sustenta em profunda convulsão interna, entre o apego de Sócrates, os tons do desalinhamento do movimento crítico, a confusão estratégica e a fabricação do seu sucessor.

De mau Governo e más políticas, sem qualquer base social de apoio e preso pelo calendário constitucional, tudo só poderá piorar, não importando a lavagem da remodelação, porque nada nem ninguém amenizará a sua agonia até ao despedimento.

Do lado do PSD, temos uma plateia sequiosa de poder capitaneada por um chefe igualmente ansioso que, com os olhos postos no relógio político faz afirmações reveladoras: “de que contribuímos para melhorar este Orçamento” ou que, “estamos preparados para sermos Governo em colaboração com o FMI”, mostrando à saciedade que todos sabem mais do que contam à população.

O PSD, que continua a ser a alternativa dos nossos credores e depois do seu papel ao longo de anos ao lado do PS na criação da dívida, a qual é absolutamente consentida e alimentada como força de subjugação para ser usada quando necessário, o que está a acontecer, quando a inexperiência da liderança hesitou na viabilização das exigências da ordem de pagamento, rápido se recompôs na obediência para resgatar o caminho do poder.

O PSD, cujo líder corporiza a impreparação na condução política e se dispõe a ser poder com a cortina e sob as ordens do FMI, que lhe permite supor lavar as feridas da responsabilidade da crise e das medidas protagonizadas, vive para as sondagens e a alimentação da voragem das fileiras, em completo e natural desprezo de classe sobre o sofrimento que a sua cumplicidade está a causar sobre o povo português.

Com a intenção objectiva do poder capitalista que nos aprisionou na dívida a usar a chantagem dos juros como forma de entorpecer a sociedade portuguesa e “convencer” o Governo a liberalizar os despedimentos, ficam esclarecidos os esforços de que o Orçamento aprovado não era o único interesse final.

Quando a Greve Geral saiu à rua, num movimento de grande envolvimento da população activa, à qual deve ser associada a força dos desempregados, o movimento estudantil, os reformados e outros sectores da sociedade, os seus dirigentes e organizadores sabiam destes pressupostos da luta intestina e que constitui uma exigência dos credores para “salvarem a nossa situação financeira” e não a nossa economia, sobre a qual não lhes interessa emitir qualquer juízo de intenção.

O profundo descontentamento latente na população vive momentos difíceis e não veio para a rua porque não tem uma direcção forte e na qual confie, que dê uma expressão justa às suas aspirações.

No parlamento, os chamados partidos de esquerda, que se misturaram na rua e se arvoram de inspiradores, limitaram-se a citações da força de protesto e que esta exigia mudanças de políticas, recebendo a indiferença do Governo e do respectivo partido de suporte, que reafirmaram não ceder e dos outros partidos do arco, dos quais ouviram naturais elogios dirigidos às centrais sindicais e concretamente ao PCP, de grande capacidade cívica e espírito de ordem.

Uma verdade inegável no país, é que o descontentamento abrange a maior parte da população e não apenas os 3 milhões de grevistas, que percebem a desordem institucional montada e o atropelo das filosofias programáticas dos partidos, que são saco roto e comprovadamente contra os seus interesses.

Os portugueses estão a abrir os olhos!

Luis Alexandre

Sem comentários: