domingo, 5 de dezembro de 2010

A decadência do desiderismo



Mais do que cerco, é a decadência do desiderismo populista que se configura.

O trambolhão político de Desidério Silva e da sua corte no executivo, ao não verem aprovadas as suas propostas na assembleia municipal, onde o seu próprio partido “se revoltou” com a não aprovação, tem várias leituras políticas e consequências futuras.

Por unanimidade, logo com os 5 membros do PS e o do BE em concordância, foram rejeitados os aumentos das percentagens do IMI, IMT e IRS.

O FORUM ALBUFEIRA, havia já alertado para a estratégia montada no seio da AMAL, denunciando a concertação ali fabricada pelos presidentes das Câmaras das duas cores políticas, PSD e PS, com raras excepções, para lançarem um PEC regional, traduzido num aumento generalizado das taxas sob a sua jurisdição e daqueles impostos nacionais onde as autarquias têm uma percentagem com fixação da sua responsabilidade e proveito.

Numa altura de crise profunda, o episódio vivido na assembleia municipal de Albufeira, insere-se na contradição entre a voracidade do executivo - argumentando mais tarde e depois de acossado publicamente, que as receitas seriam para “acção social”-, e o sentimento generalizado de protesto entre a população e empresariado, de que os seus membros fizeram eco no chumbo.

O PEC de Desidério Silva e do seu executivo sobre estes impostos falhou mas, já havia concretizado o seu primeiro pacote, de forma discreta, com a total conivência da família PSD.

Com a oposição no seu papel apagado, ensombrada pela política nacional e porque não existe sob qualquer outra forma no concelho, a rejeição era a sua única saída de face.

A dessintonia entre executivo e membros do PSD na assembleia, tem o significado político de desarrumação da casa, a que não será estranho a presidência da concelhia estar nas mãos de Carlos Silva e Sousa, a sua pretensão a candidato à presidência do executivo, o fim de ciclo do desiderismo e a intenção de dar um sinal para o exterior de demarcação sobre o lídr que influenciou num papel de destaque, senão o principal, ainda que na rectaguarda da presidência da assembleia municipal.

Tudo o que o desiderismo planeou até esta puxada de tapete, foi na mais completa harmonia entre órgãos e com uma oposição interna (do PSD) muito ténue, o que não augura mudança de políticas e do estilo autoritário que nos presidiu até agora.

A derrota das propostas do executivo, negada na imprensa como não corresponderem a divergências e muito menos a clivagens, é, à evidência, um dos seguintes passos do isolamento estratégico no seio das fileiras, para abrir a porta à sucessão de Carlos Silva e Sousa, que procurará fazer crer não estar ligado aos anátemas do seu velho companheiro, que com o seu estilo populista não deixou de contabilizar para o PSD o apoio que o novo candidato vai precisar.

Desidério Silva está na calha para as medalhas ou nome de rua, porque não chega para as estátuas…

FORUM ALBUFEIRA

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