terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A lamechice


A crónica deste sábado no “CM” do presidente Desidério Silva, é um verdadeiro dilúvio de cansaço e descrença sobre o rasto de uma governação que durante tempo de mais teve duas leituras fora e dentro do concelho.

Fora propagandeava-se obra sem interpretação dos avultados meios disponíveis à custa de aumentos substanciais das taxas locais e, dentro, criticava-se em meios independentes e fora da passividade dos partidos, o despesismo e a má orientação dos dinheiros públicos.

Enquanto o dinheiro jorrou a rodos foi o fartar de vilanagem na distribuição benemérita para construir uma base de apoio eleitoral em subsídios, em entrega de obras sem concurso a um lote reservado de empresas amigas e as que tinham concurso funcionaram uma parte considerável em incumprimento de tempos de execução e derrapagem dos valores base contratualizados.

E toda esta actuação na presença humilhada dos elementos de um PS que queriam não perder o contacto com os negócios e situações de mercado que traziam dos tempos em que foram poder.

Desidério Silva mandou e cortou como quis e, não perdendo o sentido de responsabilidade na análise, teve à sua disposição um volume total de orçamentos superior a 600 milhões de euros sem que a tal obra reflicta tal montante.

Durante a sua governação preocupou-se em levar o seu populismo às últimas consequências, criando um corpo administrativo pesado em número e custos, absorvendo mais de um quarto dos orçamentos, o que somado às benesses distribuídas sem controlo conhecido ou fiscalizado pela insolvente oposição, lhe permitiram criar uma imagem de homem realizador sem contestação.

A mentira funcionou mas está a murchar e o peso dos resultados e novas propostas de governação, para além da contestação persistente de um pequeno sector esclarecido da opinião pública do concelho, começam a ser postos em causa pelas próprias fileiras da cor política.

Desidério Silva vive momentos impensáveis à porta da oferta e suposição de mérito extraordinário para a promoção à condição de deputado e, do ponto de vista do controlo político local, a liderança está noutras mãos que lhe criaram a situação de rejeição da sua proposta de aumentos de impostos e lhe retiram o poder de preparar por sua vontade a sucessão antes do fim do mandato por imperativo ou não de eleições legislativas antecipadas.

Na sua curta crónica deste sábado termina com este amargo de boca, descarregando o peso da responsabilidade adquirida na governação contestada e escondendo-se sobre a lamentação generalizada dos autarcas serem uns incompreendidos.

Desidério Silva é vítima de si próprio e das políticas que aplicou dentro da estratégia do PSD e não tem de se queixar.

O recente episódio sobre a organização do fim de ano é um sintoma de desorientação que há uns meses atrás se julgaria impensável.

FORUM ALBUFEIRA

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