domingo, 21 de novembro de 2010

O braço armado da globalização imperialista


Lisboa foi palco de uma das maiores manifestações da super-estrutura que planifica e vigia a protecção militar da expansão económica e financeira das principais potências que integram a NATO.

Na sequência das alterações económicas produzidas pela globalização, que fizeram emergir novas nações em poder financeiro e político, estas impuseram novas fronteiras e regras para o domínio do mundo, substantivadas na passagem de G8 para G20 e na reformulação dos alinhamentos, na definição dos perigos e dos ganhos.

A saudada Rússia, sem o véu de falso país socialista e que substituiu a opressão do capitalismo de mercado pelo de Estado, impotente para travar os novos centros de gravidade da política e da economia mundial, cercada de fronteiras que se realinharam e com as quais precisa de estabelecer alinhamentos e não sendo a China a sua opção, deu o único passo possível para evitar o isolamento.

A NATO, cujo nome deixou de reflectir a composição e os propósitos desta organização e que constitui o único conglomerado com fins militares do mundo fora do concerto das Nações Unidas, consciente das mudanças na correlação de forças mundial, procura nesta cimeira reafirmar as razões de fundo da sua existência, no novo quadro de alianças e sujeições de adaptação à permanente atenção e renovação dos seus interesses.

Com o poder económico e financeiro do mundo a deslocar-se do ocidente para oriente, as zonas tampão e ricas em sub-solo no sub- continente asiático, assumem uma importância geo-estratégica que motivam a presença e a reunião das condições que sirvam os interesses das potências representadas neste bloco.

Sob o pretexto de encontrar uma solução política para o Afeganistão, porque do ponto de vista militar a NATO está derrotada, o que está em causa para os seus mandantes é deixar no terreno as influências, os meios e os financiamentos que preservem o controlo estratégico da região.

Não sendo a Ásia, no presente, uma ameaça militar mas apenas económica, com um considerável número de potências regionais em elevado crescimento sustentado em ritmos desumanizados de exploração que não incomodam o Ocidente e podem descambar em ambições regionais, importa manter os olhos abertos e as mãos sobre um território de elevada importância para a continuação da hegemonia.

As principais decisões do conclave imperialista, sob a batuta do poderoso exército norte-americano, foram fundamentalmente de arranjos políticos para a regularização e longevidade da globalização e a correspondente ordem belicista, agora alongada às linhas russas.

O nacional porreirismo português cumpriu o seu papel de mestre-de-cerimónias, com os nossos representantes a abanarem o rabo de contentamento, afinal a NATO é a organização militar dos nossos credores, e compusemos o ramalhete daqueles que vieram para a vassalagem do que foi previamente negociado e fechado.

Os Estados Unidos não tiveram que prestar contas do seu pagode financeiro que desestabilizou o mundo e das arruaças do Iraque e Afeganistão, que trouxeram muita instabilidade à humanidade e não só aos seus causadores directos, levando debaixo do braço o servilismo da Europa, acrescentado pelo da Rússia.

A podridão dos princípios desta super-estrutura de defesa do capitalismo e onde o generalato e a política americana impõem as prioridades e os valores dos saques, deixam lugar à cobardia do Governo português e sobretudo dos vizinhos espanhóis, que não a incomodaram com o problema da ocupação do território Saraui e os massacres regulares que o Governo de Marrocos perpetra sobre um povo indefeso e seu legítimo detentor.

A NATO, que sempre atribuiu a si própria legitimidade e cujos documentos de fundo envolvem absoluto secretismo, renovou o seu mandato de, pela força das baionetas, dos mísseis ou do nuclear, poder intervir em qualquer parte do mundo, incluindo para esmagar qualquer rebelião que ocorra, mesmo no território português, onde o povo ponha em causa as políticas e os políticos que representam o capitalismo mundial.

Esta política e esta organização, que não serve a convivência pacífica e as transacções justas entre povos e Nações, tem tido a conivência da ONU, que deveria liderar o seu repúdio.

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

O Cavaco pediu esmolas ao Obama a pensar que lhe dão bola e falta dizer quem pagou toda esta despesa, de certeza que foi como o papa quando veio cá, pagámos todos com o s impostos.