terça-feira, 10 de novembro de 2009

TURISMO: OS DILEMAS E O PRESENTE SEM FUTURO



Estrategicamente, a ACOSAL subscreve todas as afirmações de Elidérico Viegas, publicadas no Observatório do Algarve e questiona todos aqueles que acham um exagero chamar de cancro à sazonalidade.

A actual crise, apenas agudizou a quebra de vitalidade de uma actividade que tem andado entregue, mais à protecção dos deuses e ao arrecadar das receitas, do que à reflexão e acções objectivas de correcção. Dizer que a crise é importada, sem questionar os traços da conjuntura regional criada, é um engano que já não passa. A sazonalidade não é uma consequência da crise mundial mas, do acumulado de erros.

Citando o mau exemplo de Albufeira: destruir património e fechar ruas sem criar estacionamentos, provocaram a debandada de dezenas de serviços que alimentavam outros negócios à volta. A especulação disparou, a rentabilidade caiu, tal como o emprego. Desaparecem as comodidades, o prazer dos lugares e os clientes.

Mesmo sabendo do aumento da oferta mundial e dos preços competitivos, os nossos responsáveis insistiram conscientemente na exploração exaustiva e desvalorização de um espaço físico a que tecem elogios, sem preservar as suas qualidades.

Cada pedra histórica que desprezámos, cada platibanda e traça que destruímos, cada pinheiro que derrubámos, cada metro de linha de costa onde construímos de forma selvagem, foram as achas da nossa desorientação e em 50 anos quase esvaziámos o balão de sustentação de uma região que tinha encontrado um caminho de desenvolvimento e cuja desvirtuação, não é responsabilidade primeira de todos os seus agentes mas, dos responsáveis que falharam conscientemente na sua condução estratégica.

Actualmente e depois da destruição dos valores produtivos locais – pescas e agricultura –, do profundo desrespeito pelo ordenamento e de arrecadados os proveitos da exploração intensiva do sector mais lucrativo do Turismo, a construção especulativa, autorizada e imposta em aproveitamento sobre os outros sectores da actividade, fala-se amiúde das suas alternativas.

Mais do que um desejo são uma necessidade e, afinal, não passam de introduzir o conhecimento e inovação aos sectores tradicionais que sempre nos sustentaram e foram destruídos.

As novas tecnologias aplicadas ao mar e as energias alternativas, são apontadas como os vectores de desenvolvimento futuro do Algarve.

Todo este optimismo dirigista, vindo dum importante organismo de intervenção no Algarve, a CCDRA, com cumplicidades no estado geral das coisas, ao ser lançado num momento de grandes dificuldades da actividade turística, não produz nenhum efeito balsâmico e soa a cabo de mar que adormeceu no seu posto.

Entre a consumação e os resultados dos almejados projectos alternativos, medeiam uns bons anos em que o Turismo continuará a ser preocupação e o motor de sustentação da região, papel que, acreditamos, dificilmente perderá a sua preponderância.

Para os agentes do Turismo conta o presente e face ao volume de problemas que afectam o sector, são necessárias acções de curto prazo e exigidas perspectivas de confiança para o futuro.

No momento que atravessamos, com a situação económica e social a resvalar, a tutela e os seus organismos que falharam em toda a linha, ensaiam modelos de intervenção que no modo e no género pouco diferem do passado e não suscitam grandes entusiasmos entre empresários e trabalhadores.

O que tem de ser dito é que, sobre o aumento da sazonalidade, não pára o sobrecarregar de impostos, taxas municipais, imposições legais e coimas, que vão no sentido inverso do número de clientes, da sua qualidade e dos valores das receitas.

Pelo que vamos ouvindo e com o QREN a meio, receamos que a procura de um novo centro de gravidade económica e com novas oportunidades para os investidores, se faça à custa da castigada actividade turística.

Na verdade, a crise mundial não abriu as mentes para as mudanças necessárias!

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem rematado, a casa está a vir abaixo e os grndalhões assobiam...
O turismo está a fraquejar ? O dinheiro nos bolsos dos construtores já lá canta... e os políticos saíram a perder ?
Saiam dessa, quem está mal que se mude e vontade para soluções já era... porra quem não ganhou ganhasse... é os gajos das finanças falam assim.
Pedem dinheiro para o turismo ? para quê ? o turismo vai ficar por conta própria e os cofres do estado querem a parte deles.