quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PROMETER E NÃO CUMPRIR!


Com poucos dias de diferença, o país é bombardeado com notícias de sinais contrários, onde o anúncio do crescimento de 0,9% sobre a situação negativa da economia, não consegue suplantar o drama do acréscimo do desemprego que se abate sobre mais umas dezenas de milhares de famílias.

O desemprego não pára de subir, vamos em números oficiais enganadores na casa dos 550 mil, esmagando todas as promessas de criação de emprego vindas da anterior legislatura.

Nem o lado positivo de que a recuperação é feita à base das exportações e não da subida do consumo, que os investimentos em “I&D” subiram no país e até poderão justificar em parte esse crescimento exportador, combatem a situação depressiva generalizada.

Os propalados investimentos públicos e as prometidas medidas de incentivos a diferentes sectores da actividade económica, por um lado não conseguem esconder as fragilidades do tecido empresarial e imprimir as dinâmicas que travem a hemorragia do desemprego e, por outro, também evidenciam, mais do que ineficácia, a sua insuficiência.

Não será por acaso que o sector empresarial insiste na intervenção do Governo, insiste em chamar a atenção para a estagnação da procura, sendo muito acentuada a falta de liquidez das empresas, situação que deverá agravar-se nos próximos meses com reflexos no emprego.

Os velhos programas de apoio às pequenas e médias empresas mostraram-se inadaptados e continuam fortemente criticados, as tranches de milhões anunciadas foram migalhas e beneficiaram o segmento com a folha limpa, nos critérios do Estado e dos Bancos, desprezando milhares de empresas viáveis, cujos problemas advieram da conjuntura negativa criada na economia.

Sintomático e dando que pensar, é a razão porque os Bancos apenas usaram menos de um quarto dos 20.000 milhões das garantias do Estado, dinheiros que poderiam e deveriam ter chegado às empresas para evitar, não propriamente as falências que já se deram, porque seriam os elos mais fracos do sistema mas, as próximas falências, após mais de um ano de agonia e de esforços de sobrevivência não atendidos.

O que empresários e trabalhadores não conseguem compreender, são as razões que determinam a sujeição do poder político ao poder financeiro, quando foi este sector, através dos Bancos e das suas off-shores, que provocaram a profunda crise e acabam por ter na mão, a prepotente decisão de quem vai sobreviver.

Quanto ao Algarve, estamos na frente dos números negros e a procissão ainda vai no adro. Os apelos das associações patronais e dos sindicatos da região não são ouvidos, o que dá uma ideia de que o poder político está manietado e vai adoptar a estratégia do capital todo poderoso, de deixar que a crise faça a chamada clarificação e deixe o mercado mais limpo para outros pequenos investidores que sustentem o sistema até à próxima crise.

O Algarve tem todas as razões para manifestar o seu descontentamento, foi usado, encheu muitos cofres e quando enfrenta uma situação sem precedentes, o Governo limita-se a fingir que está preocupado, apesar das promessas em período eleitoral.

Um ministro e um secretário de Estado que aqui se deslocaram, juraram total compreensão pelos problemas específicos do Algarve e ganhas as eleições, tudo está a piorar.

Vozes discordantes e reivindicativas, só se ouvem as dos "pés descalços".

Os responsáveis e deputados têm de mostrar de que lado estão!

A História não costuma ser compreensiva com aqueles que apunhalam!


Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

Será que nos 9,8% estão os recibos verdes? Há muito empresário cá em baixo que só mete malta a recibos verdes.
Por outro lado também há muito menino manhoso que ganha entre 600 e 800 euros (para não falar em valores mais altos) de subsidio desemprego e por isso está-se pouco borrifando para procurar trabalho, mas ao primeiro corte no referido subsidio lá vão eles de volta ao mercado de trabalho. É claro que não me refiro a pessoas acima dos 45 anos que já quase ninguém emprega, mas sim a muitos jovens que preferiram bronzear os corpos enquanto ao dia 20 e tal caia o subsidio de desemprego na conta bancária. Vivó Luxo.