A poucas horas do final de mais um festim eleitoral, com arruadas, jantaradas e grandes e improfícuas declarações, o povo que tem de ser consultado e votar representantes, continua sem perceber que para além desse espaço físico chamado Europa, cujas fronteiras desconhecem, existe outra Europa política que discute e decide o futuro dos cidadãos sem que estes se dêem conta do que vão ser chamados a cumprir.
Andamos há duas décadas a eleger os nossos representantes, oriundos dos Partidos políticos do costume e todos se admiram da ignorância e afastamento dos cidadãos, que se encarregam de nem se darem ao trabalho de ir votar em coisas que não percebem e insistem, campanha após campanha, em afirmar publicamente esse desconhecimento.
E campanha após campanha, os Partidos reincidem nos seus vícios de forma, de não aprofundar ou ignorar os temas europeus e as suas consequências na sociedade e economia portuguesa.
A troco de dinheiro, muito dinheiro em fim de curso (2013) e a atribuição de 22 cadeirinhas douradas, convidam-nos a validar uma Comunidade que se diz Europeia, mas onde não mandamos, não influenciamos, somos ouvidos e não respeitados, mesmo tendo lá uma figura nacional que desertou de primeiro-ministro do seu País para assumir a sua presidência.
Mais de duas décadas após a nossa entrada vitoriosa, olhamos à nossa volta e damo-nos conta de que fomos atingidos por uma engenharia económica e social bem concertada, que foi reduzindo sectores estratégicos e de sustentação da nossa economia e independência nacional, ao ponto de os nossos mares estarem entregues à rapina de outros, os nossos campos em abandono sem retorno, as nossas indústrias tradicionais transformadas em recordações e a exploração do consumo, da banca, dos seguros, da energia e outros sectores, entregues a poderosas empresas vindas dos países nossos parceiros.
Os investimentos comunitários foram direccionados para estruturas rodoviárias que facilitassem a entrada rápida de mercadorias e estruturas educacionais que preparassem os futuros quadros num espírito de competição e em função das necessidades do reduzido mercado de trabalho.
Mesmo os fluxos de dinheiros injectados pela Comunidade, uma boa parte deles foram encaminhados para suporte de investimentos estrangeiros, para além das facilidades fiscais concedidas e suportadas pelo orçamento de estado português, isto é, suportado com o dinheiro dos nossos impostos.
O milagre europeu, não colocou o País num nível de desenvolvimento que acompanhasse os países mais avançados e poderosos do espaço comunitário, não nivelou os salários, as coberturas sociais e o nível de vida médio dos cidadãos desses países.
A realidade portuguesa no âmbito da CE e que reivindicações devemos fazer para melhorarmos as condições de vida da nossa população, passaram ao lado desta campanha que deveria, supostamente, ser o seu fim principal.
Domingo, perante mais uma ausência consciente da imensa maioria da população, as inteligências e consciências organizadas, vão contentar-se, cada um à sua maneira, com os resultados obtidos, passando para o esquecimento a indiferença a que foram votados.
Portugal, depois de domingo, vai continuar a ser vizinho da Europa!
Luis Alexandre
3 comentários:
Nem sempre estou de acordo consigo mas desta vez o Sr. tem razão , para mim els querem é tacho
A Europa para os portugueses sempre foi olhada como uma tábua de salvação e muitos foram para lá trabalhar no duro para ganhar um dinheiro e pelos vistos temos de lá voltar para voltar a endireitar a vida, mas nem tudo são rosas e os tempos são outros, há menos trabalho para todos.
Ao fim de anos na CEE, andamos na cepa torta e nos bolsos rotos, mas a Europa dá uns bons tachos aos deputados que ganham um ordenadão e ainda têm direito a levar de borla gente para visitarem as cidades das instituições. Sabiam desta ?
Já nem podemos pescar desportivamente quando quisermos, já arranjaram uma licença e querem impor um horário. Tens o prato vazio e o peixe está ali ao lado para olhares para ele e outros virem apanhá-lo. A laranja tem de ser calibrada, toca de gastar dinheiro para comprar a máquina e depois vamos ao supermercado e vemos laranjas de todos os tamanhos... que vêm de fora.
CEE ? boa merda para os portugueses que pagam quase tudo mais caro que os habitantes dos outros países. A CEE dá conselhos ao Governo para acabar com imposto sobre imposto e nada acontece, a Europa diz que temos de fabricar uma ASAE implacável e o Governo faz e os outros partidos tambem apoiam.
Carrada de contadores de histórias e aldrabões que nos governam!!!!!!
CEE ???
julgava que agora era UE
Enviar um comentário