sábado, 21 de agosto de 2010

As águas turvas do Polis da Ria Formosa



Desde a primeira hora e com a experiência do Polis Albufeira, o programa de intervenção do Polis da Ria Formosa, distanciado na natureza e extensão do espaço e nas vertentes da intervenção, deixa muitas dúvidas quanto a alguns dos seus interesses de fundo.

Tratando-se de áreas de intervenção sensíveis, debaixo da alçada de muitas entidades observadoras e milhares de olhares de vários concelhos, os propósitos estratégicos apresentados de forma generalista nunca foram esclarecedores e adivinham tacticismo e imprevisibilidade para o decorrer do processo e consumação dos objectivos.

No Polis Albufeira, as pessoas nunca contaram e muito menos quaisquer sugestões dadas nos espaços de apreciação pública. Os resultados estão à vista, com a imensa maioria dos cidadãos a deplorar muito do que foi imposto e a pagar a factura dos erros grosseiros, com o impávido presidente da Câmara sentado no Conselho de Administração. Foi uma oportunidade perdida e fabricada de fora para dentro, onde pontuou a presidência de Valentina Calixto, conduzida ao mesmo lugar no Programa para a Ria Formosa.

Os fraseados distribuídos em folhetos, que assentam em recuperação, renaturalização e ordenamento, susceptíveis de mobilizar o interesse da opinião pública, bem como as reuniões de propaganda com as partes, não deram sinais claros dos procedimentos e tratamento dos problemas da presença humana nas áreas do cordão dunar e na distinção entre o valor das actividades profissionais marítimas, de exploração, desportivas e lúdicas.

O Programa Polis da Ria Formosa nasceu inquinado entre situações de excepção, de legalidade circunstancial e legalidade histórica, que podem ferir de injustiças partes dos intervenientes e ficar aquém dos nobres objectivos apregoados.

A intervenção da força da natureza na ilha da Fuzeta, escreveu uma página do Programa, facilitando a limpeza e o ordenamento desejado, devolvendo à comunidade a visão de beleza, usufruto e equidade.

Se o problema da Fuzeta com a mão da natureza ficou resolvido, os outros afiguram-se sombrios na linguagem e relacionamento com os lotes de interesses espalhados. O subir de tom da incompreensão pelas incongruências, quando faltam as partes mais complicadas do Programa, antevêem a possibilidade de uma separação que pode levar a divórcio.

Numa acção inédita e desta longitude, abarcando cinco concelhos diferenciados na relação e ocupação da área natural da Ria Formosa, sabendo que à partida do Programa havia estudos, intenções e uma linha mestra que não foram provados pela prática, tudo deveria ter sido assumido publicamente para que todas as correntes de ideias se exprimissem, na interpretação, rigor e execução dos objectivos estratégicos, preparando a salvaguarda das comunidades piscatórias, a satisfação das suas necessidades e a afirmação da ideia que não há situação de excepção que dure para sempre.

O Conselho de administração da Sociedade Polis tem nos seus bancos os presidentes de Câmara que, à partida deveriam dominar os problemas, têm um compromisso com as populações que lhes atribuem um papel de mediadores privilegiados e aos quais não são permitidos nem silêncios nem ausências.

O Estado levou séculos para olhar para a riqueza da Ria Formosa, assinou de cruz ou assistiu impávido ao rocambolesco das atitudes camarárias que permitiram excessos e crimes ambientais, pela sintonia das cores partidárias, pelo que não pode chegar ao terreno e usar de fundamentalismos ou hipocrisias que escondam planos que não queiram ver discutidos.

Quase metade da população algarvia está a olhar para a Ria, cujas águas transparentes em fundos de areia inspiram a exigência de limpidez de processos que devem ser seguidos e para que o Programa não fique comprometido.

O ambiente de pré-guerrilha que a Sociedade Polis está a gerar, revela fraqueza desta e a merecida acusação de falta de respeito para com as populações, às quais se deverá destinar o essencial do Projecto.

Apenas por uma questão de memória, a Parque Expo fugiu de Albufeira sem honra nem glória e, o presidente de Câmara, com as suas culpas, nem quer ouvir falar do Programa, que ainda hoje não está acabado mas está abandonado, ao fim de mais de 60 milhões malbaratados.


Luis Alexandre

2 comentários:

CIDADÃO disse...

Mas afinal,para que serve as riscas amarelas na subida da INATEL?pra multar a malta da terra a partira de Setembro.A GNR de Albufeira,só fiscaliza no inverno.Haverá uma lei de transito para o verão outra pro inverno?não brinquem com o povo,senão,não merecem respeito.

Alex Bibi disse...

não á duvida que o CIDADÂO tem razão na zona dos Salgados no inverno se pôrmos o carro nas dunas o minimo da multa é 250 euros mas no verão não há multas para ninguém quem paga o pato é quem vive em albufeira o ano inteiro