quinta-feira, 13 de maio de 2010

O TRIUNFO DOS ESPECULADORES




Acossados de todos os lados pelos credores, aqueles que levam a riqueza da produção e nos emprestam o dinheiro para os novos endividamentos, os nossos eleitos, com toda a autoridade e consciência, prepararam o “golpe duro, rápido e eficaz”, reclamado pelos melhores ideólogos de aquém e além fronteiras.

De salientar o momento, cujos factores conjugados são em tudo iguais ao traço de caracterização do regime fascista, a combinação dos festejos do campeão de futebol, com a extravasão das frustrações, a presença do Papa com a chamada ao aprofundamento da espiritualidade e sujeição à divindade, ficando o fado que espera o povo, explícito na insofismável necessidade das medidas anunciadas para salvar a nação.

Enquanto os chefes dos dois principais partidos, mais preocupados que todos os outros e no seu papel de liderança, combinavam a “tal salvação”, em período conveniente de tolerância de ponto e de fé, os porta-vozes de serviço estavam nos microfones aproveitando a contrição nacional, para anunciarem o fumo branco e apelarem à participação nacional, para não sermos queimados na fogueira como hereges do despesismo.

Numa imagem sacrossanta de sacrifício pessoal, PS e PSD, discordaram no sinal percentual a dar ao povo de serem um exemplo, fixando-se os seus cortes salariais nos sacrificados 5%, que tiveram uma contestação residual suportada nas suas virtudes de eleitos.

Como as crises amolecem os corações e obrigam o dever do poder a baixar até à contradição, de uma assentada, os dois velhos comparsas maioritários, abandonam em simultâneo as promessas eleitorais, de “não haver aumentos de impostos”, pelo lado do PS e, “pretender até a sua redução”, pelo lado do PSD.

Assim, numa análise bem católica, podemos constatar que Sócrates está vivo politicamente e igual a si próprio, e que, o PSD, não muda o modelo de cartola, qualquer que seja o ilusionista.

Para o dia-a-dia dos cidadãos, fica a constatação de que o Governo PS e o governo sombra do PSD, trabalham afincadamente para os mesmos objectivos.

As associações patronais rejubilam moderadamente o bom senso, até queriam mais, a UGT já disse “não mas o plano faz falta”, a CGTP vai mobilizar todas as energias para a rua e depois vão para casa ou para o trabalho para cumprirem as suas obrigações, o BE quer outro PEC e tal como o PCP protestam que são sempre os mesmos a pagar mas, há vida para lá dos sacrifícios.

Digamos que estão reunidas todas as condições para o sucesso do plano de emergência, que nunca deixará de ser novidade quando se repete.

A nação peca, os políticos têm dúvidas mas, pelo sim pelo não, o Papa vai agradecer tanta deferência de fazer parar um país em crise e vai interceder pelo perdão espiritual, porque para o da dívida e o da culpa… não tem poderes.

No entretanto, a aritmética do plano de combate à crise já tem acoplados os prejuízos das greves e manifestações combinadas para a queima dos protestos. É o costume.


Luis Alexandre

Sem comentários: