quinta-feira, 20 de maio de 2010

A MATRIZ DO PSD



A Drª. Ferreira Leite, quando os factores políticos acumulados a obrigaram a abdicar, representando o estertor das intenções governamentais do cavaquismo, num último sopro e com indesculpáveis receios, tentou orientar o voto para um dos candidatos que não representasse só o aspecto físico do homem a escolher para líder.

Relativizando esta preocupação de o seu partido ter esta nobre capacidade de eventualmente escolher pela beleza, o PSD elegeu o rapaz alto e bem apresentado, entre as outras propostas, de candidatura.

Não foram precisos passar muitos dias, para que os corações dos velhos depositários das teorias neo-liberais do historial do partido ficassem descansados pela capacidade contorcionista de Pedro Passos Coelho.

O novo líder, que se preparou cuidadosamente para as funções e se apoiou nas franjas ostracizadas das diversas distritais, entrou em combate com as políticas do Governo PS e com tais teorias ganhou espaços de revolta entre das bases do seu partido.

Necessariamente conhecedor das realidades macro-económicas e financeiras do país, Passos Coelho, sem espaços de manobra para a sua propaganda e com o presidente da República à perna, abraçou telefonicamente o PEC, propôs as suas acrescentadas medidas redutoras do deficit e da qualidade de vida dos portugueses em consonância com o que o directório europeu pretendia. Avançou sem surpresas pelo sentido de classe que norteia os interesses do PSD e sem ignorar os riscos de comprometer a estratégia de poder.

De fogo de combate, passou a fogo amigo. Passos Coelho colocou sem alternativa e sem espaço para quaisquer exigências o PSD ao lado do Governo PS, numa concomitante convergência de valores e objectivos, com os seus adversários internos, ainda alguma raia miúda e a voz demolidora de Alberto João Jardim, a não perderam tempo para as primeiras contundências.

A comunhão de práticas de PS e PSD, retiram ainda mais espaço de manobra deste último numa situação de oposição. Nem o argumento de defesa do superior interesse do país e de que o PSD teve um papel de fazer dobrar o PS, se capitalizarão nos próximos tempos, em vantagens sobre a autoridade do parceiro José Sócrates, useiro em linguagens de rodeio e vezeiro em avanços e recuos.

O horizonte das medidas traçadas que quase inevitavelmente vão além de 2011, com o esperado supremo interesse dos inevitáveis agravamentos, significa que Passos Coelho que até agora não teve tempo para se sentar na cadeira da presidência, vai ter muitos meses pela frente para pensar em como sair do colete-de-forças que lhe ofereceram. Sobretudo Rangel e apoiantes, vão gozar o tempo e usá-lo para definirem novas estratégias.

A população olha para o quadro político que produziu as medidas que a oprimem e, não consegue distinguir diferenças. Vai-se-lhe juntar o S. João da suposta esquerda.


Luis Alexandre

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