UMA ASSEMBLEIA MUNICIPAL IMPRODUTIVA


De uma maneira geral, com raras excepções, as assembleias municipais pelo País fora não cumprem a sua principal atribuição, fiscalizar os actos dos executivos camarários.

Os Partidos do sistema, que representam classes e camadas de classe e os seus interesses, acabam por sobrepor as suas estratégias aos interesses colectivos das localidades e concelhos que os elegeram.

As assembleias municipais têm vindo, paulatinamente, a serem usadas para as guerras e concertações partidárias, com destaque para os dois principais Partidos e acabam por não merecerem a atenção e o respeito que deveriam dispor entre a população.

E quando um dos Partidos conquista a maioria absoluta, regra geral esvaziam-se a força das opiniões, funcionam as obediências, a ratificação das acções governativas sustentadas na fraca qualidade dos seus membros.

Não sendo fácil arregimentar dezenas ou centenas de pessoas para a composição das listas, tirando os primeiros lugares as pessoas dos lugares secundários são os chamados "verbos de encher", que não sabem ao que vão nem têm apetência e capacidade para as responsabilidades.

Albufeira é um exemplo desta triste realidade, onde a assembleia não produziu nada de relevante para a vida do concelho, assinando a maioria absoluta de cruz, todas as propostas dos chefes e bem capitaneada pelo disciplinador, Carlos Silva e Sousa.

Em quatro anos e contra a vontade da maioria absoluta e dos seus chefes, apenas uma medida não passou: o pagamento da pretensão de 10 milhões de euros para a empresa Cavacos SA, proposta pelo incontornável engº Gracias Fernandes, um dos pilares das manobras do PSD na Câmara. E não passou, porque o FORUM ALBUFEIRA levantou o assunto a tempo e acabou, pelo descaramento, arbitrariedade e até provavel ilegalidade, por ficar na gaveta até montarem nova estratégia.

Era um assalto ao erário público, que baixou depois de aprovado sem hesitações no Executivo camarário!

O PS, principal Partido da oposição, na sua estratégia de que os assuntos se resolvem nos órgãos respectivos, longe dos ouvidos e do conhecimento da população (dizem que quem quer saber que vá lá), arrastou-se em lamentos de que não eram respeitados e pouco mais. Em justiça, depois dos comerciantes estarem inundados em água e prejuízos e passada uma dezena de outras inundações, propuseram a criação de um fundo autárquico de reserva, que até hoje não produziu nada.

Foi esta assembleia amorfa, pouco qualificada e amestrada, que arrancou o voto da população.

Os mais de 300 milhões de euros geridos pelo Executivo foram aplicados em bel prazer, sem que os principais problemas tivessem até hoje respostas. Para concretizarem algumas das suas promessas e evitar mais descrédito junto da população, a assembleia ainda teve de aprovar dois pedidos de empréstimos bancários, considerados necessários pelo Executivo.

Esta assembleia, usando a maioria absoluta, mais uma vez vergou à obediência acríica, percebendo as dificuldades que criaram e a consequente necessidade de salvarem a face do PSD.

Carlos Silva e Sousa, um dos maestros das políticas do PSD, pôs as tropas a jeito para este endividamento, numa conjuntura económica difícil e prevendo-se uma desaceleração das receitas camarárias. Poderá ter começado aqui uma situação futura de estrangulamento financeiro que terá efeitos perversos na construção e desenvolvimento do Concelho.

O papel apagado e servilista da assembleia que cessará funções, contribuiu de forma determinada para a situação de perda de riqueza e falta de respostas que vivemos e é absolutamente necessário que a população do concelho construa um novo arco de pessoas que pugnem pelos superiores interesses colectivos.


FORUM ALBUFEIRA