OS IMPLANTES

A visita a Faro da pretendente do PSD, ao ceptro de chefe de Governo, acompanhada do seu indicado cabeça de lista pela Região, Bacelar Gouveia, para além da azia que criou nalguns sectores da família laranja no Algarve, levanta, sobretudo, algumas interrogações à população algarvia.

Ficando-se o discurso eleitoral da Drª. Manuela F. Leite mais pelas respostas aos ataques do seu principal opositor, negando o que alguns sectores do seu Partido anseiam e falam nos bastidores, a privatização ainda que parcial do sistema de Segurança Social, deixou as despesas sobre os temas regionais para o seu afilhado vindo de Braga.

Bacelar Gouveia, uma lança do Norte cravada a Sul, como não podia deixar de ser, produziu um discurso estereotipado, fazendo transparecer que vai ser um homem quase sozinho, na medida em que as estruturas locais já deram ontem sinais de displicência presencial e com certeza de ideias.

O candidato pelo Algarve não introduziu nada de novo, conhece dialecticamente os problemas do Algarve e as trivialidades a que o seu Partido já nos habituou.

Divagou sobre a nossa vocação turística, sabe da sazonalidade e como toda a gente já sabe , sem nada se fazer, falou de outras vertentes do Turismo que não dependem do Sol. Este discurso tem décadas de promessas e a inacção é transversal a todos os Governos.

O PS seguiu a mesma estratégia de decapitar a candidatura regional, contribuindo para a moda dos implantes, no caso vindo de Lisboa e com fortes ligações turísticas ao Algarve.

João Soares, melhor recebido que Bacelar Gouveia, contou com o apoio mais “desinteressado” das estruturas regionais do PS, que introduziu a “ideia sempre fresca” de um Parque Tecnológico numa mistura com as já velhas promessas da EN 125, do Hospital, Odelouca, etc,.

Os algarvios têm assistido impávidos ao engolir de sapos pelas direcções regionais dos dois principais Partidos, não vibraram com os discursos inaugurais e interrogam-se das razões de toda esta montagem.

Mesmo de forma distraída, o algarvio comum, não percebe esta tentativa de relegar as figuras locais para planos secundários e desconfia de mais uma concertação para controlar o descontentamento e as suas reacções.

Não dando a primeira voz aos que estão para cá do Caldeirão, poderemos supor que face à profundidade da crise económica e financeira que nos consome e endivida, os dois Partidos que aspiram ao Governo, sabem das medidas impopulares que serão forçosamente tomadas a partir de 12 de Outubro, precisando de ter o País e as regiões sob mão forte, em consonância com a política central e no fundo salvaguardando as costas dos seus lideres locais.

Os discursos frouxos, com diferentes opiniões valorativas sobre as obras que estão em curso ou em vias de começar e o facto da contestação aos implantes ter sido assumida pelas segundas linhas, mostra a aceitação estratégica, mais uma vez em nome da unidade nacional, por parte das distritais partidárias.

A estratégia denunciada por Marcelo Rebelo de Sousa e contida no programa eleitoral do PSD, para uma previsão de eleições daqui a dois anos é outro factor de comprovação da turbulência social que vai exigir mão dura e muitos mais sacrifícios.

A situação específica e particularmente grave que esta região atravessa e se agravará com o declinar do Sol, não mereceu quaisquer considerações dos enviados especiais.

Todos sabem que o Algarve, como o País, vai ter o que Lisboa quiser e no ritmo que quiser.

Luis Alexandre