segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Algarve a reboque do acaso?



O secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, perante afirmações e polémicas públicas sobre o desenrolar do ano turístico no Algarve, proferiu declarações de adiamento do balanço, afirmando a importância do novo fenómeno da conjuntura, o “late booking” (reservas atrasadas).

Há poucos dias, o Algarve foi palco de um desencontro de números da ocupação turística, entre os responsáveis da ERTA e da AHETA, homens de cores políticas diferentes cujas trocas de acusações reflectem o pano de fundo da luta política pelo poder nacional, onde o diferencial, entre a opinião de subida de um e de descida de outro, atingia mais de 25%.

A opinião veiculada por Bernardo Trindade, teria esta convulsão no subconsciente e sem se imiscuir, não dando prova de fraqueza e numa atitude de Estado, atreveu-se a prever que 2010 será tão bom como 2009.

Conhecidas as contradições sobre os resultados do ano transacto, com o Governo e a AHETA a travarem-se de razões tendo a realidade de um ano mau como pano de fundo, a presente constatação do secretário de Estado, só pode configurar um 2010 ainda pior.

Quase a fechar o sétimo mês do ano e faltando apenas dois meses e meio de época turística, nunca os valores de venda da ocupação foram tão baixos e nunca as promoções foram tão longe, vulgarizando o Algarve ao nível de países com piores estruturas de acolhimento.

A idiossincrasia que está por trás do “Programa ALLGARVE”, de projectar a região a outro nível, precisava de ter sido acompanhada de um reclamado plano específico para o Turismo.

O Governo assim não o entendeu, não mudou os habituais canais e verbas de intervenção e os resultados do ano turístico poderão apontar para o agravamento da estrutura económica da região, que tiveram expressão nas greves e incumprimentos salariais vividas em várias unidades hoteleiras e muitas pequenas empresas, bem como no atraso e encurtamento dos contratos de trabalho.

O alargamento da sazonalidade, a precariedade do emprego, a falta de liquidez do mercado e das empresas, as dificuldades de recurso ao crédito e o seu custo, acrescentadas das novas medidas governamentais de acesso ao subsídio de desemprego, fazem antever tempos sociais muito difíceis, numa região sem alternativas.

Os grandes projectos estão parados na falta de confiança no mercado e, através dos dados disponíveis da actividade turística, que aumenta os naturais riscos de falências e desinvestimentos de média e pequena monta, os factores de animação da economia só podem vir dos investimentos públicos centrais, dadas as conhecidas dificuldades das autarquias. O inicio da requalificação da EN 125, o maior projecto público para os próximos 2 anos, está longe de ser um motor de desenvolvimento.

O secretário de Estado do Turismo, mais do que envolver-se em polémicas estéreis, deve ser chamado, se para tal houver coragem, a sentar-se à mesa com os agentes regionais, para debater uma estratégia para os próximos anos.

Se tal não for feito, na previsão de desaceleração da economia nacional, incapaz de resolver os problemas da dimensão da oferta algarvia e se os mercados estrangeiros não forem agitados, o Algarve continuará a perder estatuto internacional, com as consequências que alguém e as forças políticas terão que assumir.


Luis Alexandre

2 comentários:

Anónimo disse...

Só o Hotel Montechoro anda em falta há vários anos, falou-se do Boavista, para os lados da Oura houve outros que tambem não pagam aos trabalhadores a tempos e horas, já para não falar do barata que tem essa doença cronica. E se a malta falasse da segurança social, do dinheiro que não vai lá parar e dos que fazem contratos que não aparecem em lado nenhum, esta conversa ia até depois de amanhã mas estamos em Albufeira da qualidade de vida,

FREDERICO DE MENESES E TRANCOSO

Anónimo disse...

Pois claro e a culpa de não pagarem é do Desidério e da Câmara e da Assembleia Municipal.

FRANCISCO DE MONTALVÃO E TEIXEIRA