domingo, 18 de julho de 2010

Uma Nação forte, num país vergado



Tudo se arrasta neste país. Temos um Governo insonso que se arrasta na sombra da figura do chefe, um parlamento de meninos de coro para o ámen do arrastamento, um Presidente da República que se deixa arrastar por quase todos, um chefe da oposição arrastado ao perdão da maldade combinada e, uns partidos que nos arrastaram para esta profunda crise, a qual, arrastou um povo para o fundo de um poço.

O suplício de cada dia que nasce, arrasta-se em propostas de manhã que não passam ao dia seguinte, num indecoro governamental e do principal partido da oposição, confundidos com as necessidades e a dureza das notícias que lhes vão chegando sobre o que procuram esconder.

O buraco cavado, maior que o próprio país e que o pode engolir, arrastou-se em anos de trabalho político intenso da trama partidária conhecida e escondida nas tretas do popular/nacionalismo, da social-democracia hipócrita e liberal, dos falsos socialistas e comunistas de faces rosadas e encarniçadas de tanto conluio e satisfação comezaina.

Olhamos para trás e fica o rasto da fartura dos milhões da produção nacional esbanjados, a par dos outros que foram recebendo para a destruição do tecido económico e ainda os que pediram emprestados.

Anos a fio, Governos e parlamentos, foram construindo um castelo de areia à beira mar plantado, deram-lhe força de lei para o desbarato que se conhece, traduzida nas regalias dos políticos e do polvo de gabinetes, assessores, estudos sobre estudos encomendados aos amigos, empresas públicas em permanente desnorte e insolvência, Fundações, Organismos fantasmas para colocação da palha partidária, Câmaras e empresas municipais sem travões e obras públicas com preços e derrapagens a gosto das clientelas.

Ao contrário, o valor do trabalho e as regalias sociais, seguindo os conselhos ultra liberais da UE e G8, cujas consequências criminais estão agora diluídas em G20, que o mundo globalizado foi introduzindo só no objectivo de maximizar o lucro, desvalorizaram na proporção do desinvestimento e destruição de sectores estratégicos da economia de um pequeno país periférico, mas rico em saberes do mar, da construção naval e portos, em condições climáticas para a agricultura e com tradição e qualidade em indústrias de calçado, têxteis, conservas, metalo-mecânicas, cimenteiras e outras.

As políticas dos últimos 30 anos aplicadas em Portugal, em nome de um sucesso e bem-estar geracional, foram para cumprir as ambições dos grandes investidores e financeiros, com as necessárias migalhas para a prestimosa classe política.

Na triunfante sofreguidão da acumulação alcançada, que lhes confere o poder de controlar tudo e ditar as regras, arruinaram as finanças de quase todos os países do mundo e até do próprio sistema bancário que os serve.

Em Portugal, os políticos que andaram nesta empreitada, são os mesmos que na hora da desgraça que produziram, se oferecem para nossos salvadores.

Pobre país, que passados séculos sobre a miséria e a brutalidade da ignorância, com mais instrumentos e capacidades escamoteadas, o põem sempre na rota do Adamastor e da repetida tarefa de dobrar o Cabo da Boa Esperança e, se Camões fosse vivo, já lhe tinham arrancado o outro olho.


Luis Alexandre

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