domingo, 4 de julho de 2010

A magestática figura


A exuberância do circo laranja está ao rubro, com a lavagem dos números do custo do pavilhão inaugurado com o apadrinhamento do PR e a que segue, a inauguração da cereja em cima do bolo – o atrasado alargamento da entrada norte da cidade pela EN 394, perdendo a oportunidade de produzir um edifício de valor acrescentado, de arquitectura arrojada, no posto de Turismo ali implantado.

A figura do rei, que não cabe em si, inchado de tantos banquetes políticos, com origem no erário público, exclama: “que é nestas horas que vale a pena ser autarca”!

Com uma presidência assente num forte aumento da carga fiscal autárquica, Desidério Silva passeou as suas promessas, geriu o tempo e o dinheiro como quis, deixou cair as de cunho social e estruturantes, para eleger aquelas que são magestáticas, caras e de encher o olho, ainda que, no caso do pavilhão integrado num complexo desportivo de 20 milhões, não obedeça a nenhum plano estratégico com reflexos no desenvolvimento socio-económico do concelho e se fica por pouco mais do que a prática local de desporto.

O actual gerente autárquico, de malas feitas pela cunha do sonho parlamentar, naquela quota imberbe que cada partido arrasta para pagar os favores locais, está cansado da glória pacóvia dos limites do concelho, que geriu de forma autocrática, sem oposição, servindo os amigos da orla do poder que o presentearam com muita bajulação, usando um cargo público por eleição e bem remunerado, tomou o lugar não como um serviço mas como uma forma de evangelização do seu umbigo. Daí a clarividência de achar que o mundo lhe deve favores.

No decurso do reinado, em sintonia com o acinzentado da economia do Algarve, em litígio com a procura e a satisfação dos clientes, Albufeira veio perdendo clientes na proporção inversa do ferro e cimento, que fizeram as delícias dos cofres da autarquia.

O aumento dos recursos públicos, contudo, não foram alvo de uma criteriosa utilização, continuando a gestão virada para o sumptuário dos foguetes, espezinhando as necessidades em habitação social, escolas, creches e apoio social.

Desidério Silva é o produto acabado, de uma visão e políticas toscas, de primarismo político, viradas para as pressões e valores acrescentados das amizades, cujo rasto, está espelhado num centro histórico descaracterizado e numa chamada cidade nova, de caixotes turísticos, desertos e improdutivos a maior parte do ano.

Com os sons de descontentamento ainda em surdina e um PS de figuras putrefactas em espreita, o concelho enfrenta a sua própria crise no contexto da crise mais geral e os agentes que nos rodeiam e fazem a política à luz do dia ou de sombra, continuam a negação, que significa a total incapacidade de perceberem os seus próprios falhanços de apresentarem soluções que tragam mais e melhor futuro.


FORUM ALBUFEIRA

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