O país assiste com atenção e medo, a mais uma manobra política de base consensual, o OE, que pretende substituir os sentimentos de crise, pela ansiedade da sua suposta solução.
Os políticos da nossa praça, em estado de “inocência política e intelectual”, os mesmos que em 2008 viviam no “desconhecimento” do que se passava nas profundezas do sistema financeiro, desdobram-se em negociações, acordos sem concordar e conferências para encontrarem a paz política e as referências para o convencimento da população.
Depois de um Orçamento estrategicamente montado em 2009, segredado pelos burocratas europeus e apelidado de combate à crise e incentivos à economia, com a clara intenção de evitar o descrédito no sistema e nas suas instituições, os seguintes, farão forçosamente a cobrança.
O Orçamento de 2009 cumpriu o papel essencial de financiar aqueles sectores vitais de penetração e sustentação do poder do grande capital especulador e, o de 2010, não tem reunidas as condições para encetar a recuperação a fundo.
A chamada desilusão dos mercados internacionais e dos seus agentes de rating, são parte da estratégia de preparação de eventuais medidas extraordinárias e da inevitável sobrecarga das que nos esperam até 2013.
Por outro lado, estes agentes de rating, subsidiários do capital especulador, que não dizem que não se deve emprestar dinheiro a Portugal, ganham a vantagem de fazerem lucrar os seus patrões, elevando os custos do serviço da dívida.
Na análise fria do estado do país, o que se manifesta uma evidência, é a desestruturação e dependência da nossa economia, incapaz de resistir às tempestades de saturação dos mercados e consequente “desaparecimento” do dinheiro.
É escusado falar dos ideais europeus, da construção europeia, que no fundo vamos percebendo, consistiam em fazer de Portugal um espaço de consumo, de preferência importado e dividido entre uma franja que trabalha barato e, outra, que se dedica a receber bem.
Quando as depressões sobrevêm e a racionalização passa a palavra de ordem, o sofrimento abate-se sobre os países que já foram “bons exemplos de crescimento”. Florescia o investimento estrangeiro, no aproveitamento dos fundos comunitários e outras mordomias, que desaparecem à primeira oportunidade. Os países da faixa mediterrânica e a Irlanda, historicamente mais débeis, foram e serão os mais afectados e usados.
Ao Portugal engodado, dizem-lhe que falhou. Os velhos amigos, o FMI, os Bancos Mundial e Europeu e outros algozes, estão de volta para castigar o mau aluno.
O OE e os políticos que o fabricam, em obediência a outros interesses que não os nossos, voltam a punir o país, paralisam o investimento, envelhecem as estruturas, abandonam o tecido produtivo de base nacional e exportador, sobem impostos, minguam ainda mais o poder de compra e a qualidade de vida e falam de projectos colossais, cuja incorporação de tecnologias e serviços nacionais são mínimos, provocando uma hemorragia de dinheiros emprestados que voltam para as mãos dos credores com grande valor acrescentado.
O Algarve, como parte do país adiado e com as suas estruturas servilistas, não poderia esperar outra atitude de Lisboa, quanto ao pouco peso que tem no OE. Custa muito a perceber?
Quanto ao “protesto” do PSD regional… será que o primeiro dos deputados também vai votar contra?
Luis Alexandre
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