quinta-feira, 13 de março de 2014



Albufeira tem estratégia?

Depois de mais doze anos a gerir o concelho em cima do joelho e fundamentalmente para interesses privados que nos abordaram através dos principais supermercados partidários, com os números do desastre financeiro da autarquia a recaírem para as costas dos munícipes, atingindo verbas superiores a 70 milhões de euros (números oficiais não sufragados), coloca-se a pergunta: que orientação estratégica tem este executivo para o futuro?
Primeiro é preciso repensar o que queremos e não onde queremos chegar, porque perdemos um patamar e o que devemos procurar por medidas ajustadas para nos mantermos entre os melhores destinos da Europa e, porque não, ganhar mais visibilidade e nichos em todo o mundo.
Os erros do passado assentam em ansiedade e planos políticos virados para os bolsos de privados arrivistas, que vêm e saem, sem se preocuparem com os rastos deixados e, por uma autarquia que abraçou a megalomania, descurando os aspectos que estão na primeira linha de leitura de aceitação ou rejeição de um destino.
Derreteram-se largas dezenas de milhões em obras de fachada descaracterizadora, sobredimensionadas e despesistas, quando, por processos mais simples e apoiados no conhecimento e experiência locais, se poderiam ter feito outras de natureza estruturante, embelezamento e defesa do património histórico e cultural, que são o futuro irrepreensível e mobilizador do interesse renovado de gerações de turistas.
Em oito anos e depois da intervenção desastrosa do Programa Polis/Câmara, a falta de uma visão global e a intervenção de um punhado de aventureiros avalizados localmente, criando beleza passageira e descurando os aspectos de mobilidade e comodidade para os visitantes e os locais, impulsionaram o aumento da sazonalidade e reduziram o centro histórico à desertificação e desordenamento, com a gula de alguns privilegiados dos negócios a avançarem sobre os espaços públicos, criando a imagem de bagunça representada na Av.25 de Abril e noutras artérias. A beleza dos traços históricos e da arquitectura caracterizante da velha vila, foi sendo esmagada pela indiscriminação dos gostos dos proprietários e pela chancela dos órgãos autárquicos. E aqui não há inocência, contradizendo os propalados objectivos de oportunidade do dito Programa…
Gozando de Orçamentos com valores em crescendo, a utopia carnavalesca substituiu a ponderação e a planificação e até nos trouxe um deficit considerável, que recai sob a vida do concelho e se junta à sua perda de vitalidade económica, não somente explicada pela crise do país. Os pequenos negócios de atendimento personalizado e a qualidade da restauração, como um dos lados da imagem de marca de um concelho bem organizado e socialmente consistente, foram preteridos pelo excesso de grandes superfícies, que não deixam quaisquer mais-valias sustentáveis no concelho.
A inebriação política que impulsionava os valores orçamentais da autarquia, deixam-nos às costas uma Marina cinzenta, um Cerro do Bem-Parece fantasma, os Olhos de Água densificados, os Salgados sobrepovoados e desvirtuados, custos de manutenção desproporcionados aos serviços prestados no Pavilhão e Piscinas, um Porto de Pesca coxo, uma ideia pouco peregrina de um paraíso do ruído, do álcool e outras substâncias com violência associada, uma série de promessas penduradas - o Museu do Barrocal de grande alcance e a alucinação da Aldeia da Solidariedade - e, entre outras coisas, um mapa generalizado do concelho em degradação de equipamentos e vias de comunicação, como muitas insuficiências nos plano da Educação e do Ensino, Saúde e Transportes.
Perante tais cenários, seria de grande utilidade que se relançasse o debate sobre o futuro do concelho e onde alocar as disponibilidades no contexto da Lei dos Compromissos e do PAEL. Repetir as doses de que o poder concentra a sabedoria, no contexto de que politicamente nada mudou a não ser a correlação de forças… pode alargar os prazos da hipoteca em que vivemos.

Luís Alexandre
Presidente da ACOSAL



1 comentário:

Anónimo disse...

A estratégia desses senhores trata-se de limpar os pobres e ajudar os ricos...
Se eu fosse vendedor de cachorros logo viam.....750!!!!
O beato tinha que levar com a feira do petisco ambulante!!!
Mas o povo e` SERENO