terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ensaio sobre como um pequeno país é forçado a expor-se


Crise da República ou do capitalismo?




O Conselho de Estado da República, o mesmo que nunca aconselhou nada, para além da inutilidade e perversidade representativa da democracia parlamentar burguesa - o sistema que no momento melhor serve o capitalismo -, quando se sentou na sexta-feira passada, já o guião do propósito estava decidido.

Com o povo na rua e os partidos no sofá, havia que salvar as aparências destruindo o ataque da TSU, numa redução ao mal menor para que o plano de salvação da bancarrota das finanças do Estado e do sistema capitalista que nos é imposto, sobrevivesse.

A clareza do propósito veio da boca do PR - Cavaco Silva -, que disse com todas as letras em sede, que "o cumprimento dos compromissos do Estado dependem no dia-a dia do estrangeiro". Estava a falar da falência generalizada, do resgate da Troika, do memorando de ordens, da venda de mais dívida, cujos custos o sistema terá de assacar ao povo, ainda por cima sustentados no tal voto...

A plateia do dito Conselho, composta pelas figuras que em décadas produziram e avalizaram a situação, faltando na montra os três que fugiram (Barroso, Sócrates e Constâncio...) é claro que não pensa em perder as mordomias nem o controlo da situação. E o casamento da coligação foi salvo e abençoado. Mas acreditem, nunca esteve em risco. As infidelidades dos noivos são parte do contrato nupcial, numa luta onde cada um procura sair mais forte do que o outro. Mais uma vez, Pirro volta a estar com o veneno de Paulo Portas.

Cavaco Silva, o presidente do lado da solução de opressão, quando convocou o dito Conselho, fê-lo na desconfiança de que os valores do parlamentarismo burguês estariam em causa e a rua poderia vir a estar fora do controlo. O Conselho funcionaria como uma nova ilusão, na cobertura que caindo a TSU tudo voltaria ao estado de letargia popular e os partidos parlamentares poderiam retomar as suas posições.

Na convicção da manobra de Cavaco, também subjaz que o parlamento foi ultrapassado pela consciência popular. E havia que corrigir a ameaça destemperada de Seguro, de uma moção de confiança ao Governo do qual tem sido parceiro, prontamente substituída pela falta de desejo em abrir uma crise política...

A tropa, que segue os passos da confusão civil e não quer o orçamento ameaçado, avisou que não é indiferente, tem família, tem opinião e... fê-lo subentender, tem opção. E, certamente, na gravidade que põe em causa a sua política de corpo, a política do pagamento da dívida está primeiro...

Analisando a frio, tudo se concertou para um novo impulso, com os parceiros da concertação social a figurarem na galeria da temperança. Morta a TSU maldita, os arranjos das famílias com intervenção tratam de alinhavar outras formas de alcançar a mesma receita por outros meios. Para que o povo pague o que recusou na rua.

No momento, o que fizeram do país e a subserviência a estrangeiros, está em colisão com o poder do povo que recusou toda a política e os seus autores. As contradições avolumam-se e os constantes apelos à cobardia do povo não resultaram...


Luis Alexandre 

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