Texto publicado na edição de hoje do jornal "Barlavento"
Sazonalidade:
executivo de Albufeira aos papéis...
Um ano depois das promessas eleitorais e porque o problema se tornou num
monstro de desertificação depois dos fins de Outubro, com as moscas a tomarem
conta da cidade pelo justificado encerramento de quase 90% dos negócios, a
começar no eixo da hotelaria, factos que vieram em crescendo depois de fechados
há sete anos os dossier dos dinheiros desperdiçados do Programa Polis/Câmara, o
executivo camarário resolveu surpreender os empresários com um pedido de
reunião para a discussão do problema da sazonalidade.
Como este problema foi sempre desvalorizado pelo poder, porque até ao
rebentamento da crise geral vivia em confortável almofada de subida de receitas,
como tem mexido com a economia e a imagem da cidade e trazido desestabilização
financeira às empresas e ao emprego, subindo o tom das queixas empresariais e
agravadas as assimetrias sociais, reconhecendo o executivo situações de extrema
gravidade, houve um acordar para o problema, quando já tivemos o pássaro na mão
com milhares de turistas a circular em estadias de meses de aproveitamento do
sol de Inverno e o deixámos voar pelo acumulado de decisões políticas e de má
gestão, preferindo a cosmética e o despesismo ao prevalecer dos valores
históricos e culturais, factores específicos de atracção na estação baixa,
aliados à amenidade do clima.
Trazido finalmente o tema para a agenda política, devido à persistência
determinante da ACOSAL, o executivo camarário preferiu o figurino de ouvir...
para agir... sem que fosse possível esconder a incomodidade do assunto e alguma
nebolosidade estratégica, de que este fenómeno, se tem raízes locais e
regionais, só pode ser aliviado por um conjunto de factores que envolvem um
grande número de entidades oficiais e privadas, nem sempre capazes de ouvir...
algumas até insensíveis... ou satisfeitas com os resultados macro-económicos...
Albufeira não é uma ilha e, tal como o Algarve no seu conjunto, tem sido
relegada por força do crescimento de outras regiões, quando a visão do poder
central cada vez mais nos confina e avalia como destino de sol e praia...
No contexto criado, Albufeira tem um trabalho de casa a ser feito para encontrar
respostas nada fáceis, que não pode ser dissociado de uma frente regional, onde
factores como as portagens (tendo a região perdido centenas de milhares de
dormidas, refeições e compras avulsas), as condições das vias de comunicação, a
divulgação do património, a necessidade de eventos, a publicidade e o
envolvimento dos operadores são factores predominantes.
Dado o peso do Turismo na economia da região, também é justo trazer a talhe
de foice a indiferença generalizada dos deputados algarvios instalados no
parlamento. Se conhecem os problemas, as suas vozes e práticas ignoram-nos, não
assumindo posições mais determinantes nas políticas orçamentais. O mesmo serve
para a AMAL, na sua dormência...
A sazonalidade não é uma reclamação... é um flagelo!
Luis Alexandre
Presidente da ACOSAL
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