Albufeira tem estratégia?
Depois de mais doze anos a gerir
o concelho em cima do joelho e fundamentalmente para interesses privados que
nos abordaram através dos principais supermercados partidários, com os números
do desastre financeiro da autarquia a recaírem para as costas dos munícipes,
atingindo verbas superiores a 70 milhões de euros (números oficiais não
sufragados), coloca-se a pergunta: que orientação estratégica tem este
executivo para o futuro?
Primeiro é preciso repensar o que
queremos e não onde queremos chegar, porque perdemos um patamar e o que devemos
procurar por medidas ajustadas para nos mantermos entre os melhores destinos da
Europa e, porque não, ganhar mais visibilidade e nichos em todo o mundo.
Os erros do passado assentam em
ansiedade e planos políticos virados para os bolsos de privados arrivistas, que
vêm e saem, sem se preocuparem com os rastos deixados e, por uma autarquia que
abraçou a megalomania, descurando os aspectos que estão na primeira linha de
leitura de aceitação ou rejeição de um destino.
Derreteram-se largas dezenas de
milhões em obras de fachada descaracterizadora, sobredimensionadas e despesistas,
quando, por processos mais simples e apoiados no conhecimento e experiência
locais, se poderiam ter feito outras de natureza estruturante, embelezamento e
defesa do património histórico e cultural, que são o futuro irrepreensível e
mobilizador do interesse renovado de gerações de turistas.
Em oito anos e depois da
intervenção desastrosa do Programa Polis/Câmara, a falta de uma visão global e
a intervenção de um punhado de aventureiros avalizados localmente, criando
beleza passageira e descurando os aspectos de mobilidade e comodidade para os
visitantes e os locais, impulsionaram o aumento da sazonalidade e reduziram o
centro histórico à desertificação e desordenamento, com a gula de alguns
privilegiados dos negócios a avançarem sobre os espaços públicos, criando a
imagem de bagunça representada na Av.25 de Abril e noutras artérias. A beleza
dos traços históricos e da arquitectura caracterizante da velha vila, foi sendo
esmagada pela indiscriminação dos gostos dos proprietários e pela chancela dos
órgãos autárquicos. E aqui não há inocência, contradizendo os propalados
objectivos de oportunidade do dito Programa…
Gozando de Orçamentos com valores
em crescendo, a utopia carnavalesca substituiu a ponderação e a planificação e
até nos trouxe um deficit considerável, que recai sob a vida do concelho e se
junta à sua perda de vitalidade económica, não somente explicada pela crise do país.
Os pequenos negócios de atendimento personalizado e a qualidade da restauração,
como um dos lados da imagem de marca de um concelho bem organizado e
socialmente consistente, foram preteridos pelo excesso de grandes superfícies,
que não deixam quaisquer mais-valias sustentáveis no concelho.
A inebriação política que
impulsionava os valores orçamentais da autarquia, deixam-nos às costas uma
Marina cinzenta, um Cerro do Bem-Parece fantasma, os Olhos de Água densificados,
os Salgados sobrepovoados e desvirtuados, custos de manutenção
desproporcionados aos serviços prestados no Pavilhão e Piscinas, um Porto de
Pesca coxo, uma ideia pouco peregrina de um paraíso do ruído, do álcool e
outras substâncias com violência associada, uma série de promessas penduradas -
o Museu do Barrocal de grande alcance e a alucinação da Aldeia da Solidariedade
- e, entre outras coisas, um mapa generalizado do concelho em degradação de
equipamentos e vias de comunicação, como muitas insuficiências nos plano da
Educação e do Ensino, Saúde e Transportes.
Perante tais cenários, seria de
grande utilidade que se relançasse o debate sobre o futuro do concelho e onde
alocar as disponibilidades no contexto da Lei dos Compromissos e do PAEL.
Repetir as doses de que o poder concentra a sabedoria, no contexto de que
politicamente nada mudou a não ser a correlação de forças… pode alargar os
prazos da hipoteca em que vivemos.
Luís Alexandre
Presidente da ACOSAL
1 comentário:
A estratégia desses senhores trata-se de limpar os pobres e ajudar os ricos...
Se eu fosse vendedor de cachorros logo viam.....750!!!!
O beato tinha que levar com a feira do petisco ambulante!!!
Mas o povo e` SERENO
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