Texto publicado na edição de hoje do jornal "Barlavento"
A capital do Turismo e as cheias
1. A
suposta ignorância:
Sem PDM e com
PDM, PS e PSD, os partidos únicos mandantes no concelho de Albufeira não
deixaram de assinar os IMI e IMT que engordavam o orçamento camarário, fechando
os olhos ao acidentado da Nartureza que nunca deixou de se revoltar. Duarte
Pacheco viu o que estes partidos ignoraram, construindo um caneiro em condições
de solos desimpedidos que estes partidos acrescentaram em comprimento,
reduziram a secção e autorizaram a construção dos solos permeáveis. A festança
económico-financeira do Programa Polis/Câmara também passou ao lado do estado
selvagem e natural de uma ribeira que encenou vários dramas na sua história.
2.
O descrédito de Albulfeira perante os
deuses:
Ignorada a
ciência e as leis que regulam as construções em leito de linhas de água, os
executivos da CMA têm acumulado derrotas que empurram para as costas dos que
foram induzidos a investir nestas áreas de exposição a estes fenónemos que a
Natureza não anuncia nem a Protecção Civil de Albufeira compreende por dever de
antecipação. Depois de Setembro de 2008 e do sinal de catástrofe de 1 de
Novembro de 2015, Outubro de 2016 volta a ser palco de mais água de retorno dos
dinheiros deitados à rua em caneiros e cosmética municipal e nacional, que
decidiram que uma chuva ocasional cabia em 60 cm de canos... e paredes sazonais
que evitem o descalabro de águas sujas na praia da capital do Turismo...
3.
As conclusões rasgadas em 2008 e a “obra
do século”:
O desespero de
Setembro 2008, com a Câmara PSD e o Governo Central a assobiar para o lado, não
foram uma lição para os governantes. Foi preciso os céus desabarem de novo em
água e Deus não ter tido vontade de colher vidas humanas, pelo menos em
Albufeira, para que os papéis resultantes das profundas críticas fossem trazidos
à tona da necessidade de obras de fundo, havendo ainda pelo meio uma
intervenção de cócegas na Rua Cândido dos Reis, que na entrada deste Outono
voltou a contabilizar prejuízos e recurso às galochas, para gáudio dos turistas
que se empoleiraram nas cadeiras. Mas a obra do século já estava em curso nos
projectos e vai ser apresentada pelo presidente que protagonizou a maior
desgraça do século.
4.
Os milhões perdidos reduzidos à
hipocrisia de pouco mais de 135.000 euros:
Quase um ano
depois e debaixo do fogo do descontentamento de largas centenas de populares e
empresários, com as eleições autárquicas no horizonte, o Governo tripartido
decidiu-se a dividir proveitos com critérios que a imensa maioria dos afectados
não entende como não lhe tocam. Do MAI até chegou carta a uma família, a
dizer-lhes que não iam ser ressarcidos de um carro para a sucata... porque
tinham outros e quando a realidade é bem dolorosa porquanto esta perdeu bens de
primeira necessidade superiores a 10 mil euros. Noutros casos, podemos
denunciar pessoas que com stoks à consignação ficaram enterradas em dívidas, pela
incúria de quem nos desgoverna.
5.
Alijar a incompetência?
As eleições são
o próximo palco do descontentamento se este não for alargado com a chegada do
Inverno e, por consequência, do nosso inferno.
Luís Alexandre
Presidente da
ACOSAL