O morto inglês
Com factos dramáticos a assombrarem de novo Albufeira, as autoridades remetem-se ao silêncio à excepção de desculpabilização do edil presidente, velho conivente da inacção e do silenciamento.
“O que mais posso fazer?”, rematou à imprensa perante o facto consumado da morte por violência de mais um inglês, perpetrada por mais um gang com rasto conhecido…
Os problemas não são novos, o seu crescimento no contexto de um concelho problemático do ponto de vista social, económico e financeiro, revela-se assustador e só contou com cartas e reuniões inócuas com o ministro da tutela.
Já escrevemos no passado, quando os números e a repercussão não eram tão aterradores, que as acções preventivas e a reorganização da prestação da GNR eram necessárias.
Se o número de efectivos é desde há muito insignificante para a dimensão e importância da defesa dos cidadãos, da imagem da região e do país, as condições de crise das finanças públicas estão a acrescentar mais dificuldades às missões policiais.
Em Albufeira temos vários acumulados na organização policial a serem analisados. Vão desde a insatisfação salarial e acomodações que afastam guardas mais experientes, carros degradados, racionamento de combustíveis com limitação do raio de patrulhas, quase total desaparecimento do policiamento de proximidade e a persistência em manter o velho posto da baixa que devendo ser dissuasor funciona como local de queixas com encerramento às 17 horas.
Durante o dia as patrulhas estão nos stop das rotundas e no controlo do estacionamento ilegal (continuando a ser a oferta deste serviço um grave problema estrutural) e à noite não se vêem nas ruas.
Se a noite está facilitada para os vários tipos de meliantes que se treinam, recreiam e abastecem, durante o dia os problemas crescem e assustam.
Na última crise de segurança com visibilidade sobre agressões a estrangeiros (as dos nacionais são notícia vulgar), o ministro veio ao Algarve prometer brigadas mistas cuja existência e eficácia desconhecemos em virtude dos acontecimentos.
Sabemos que o ministro mandou uma caixa com alguns aparelhos para um número diminuto de carros para detectarem matrículas falsas… e o resto…
O problema mostra-se insustentável, está a ter repercussões internacionais com os prejuízos que representa para uma região super dependente do Turismo.
Quando os números começaram a mostrar-se preocupantes e a associação de comerciantes local - a ACOSAL -, começou a elevar o tom, foi acusada pelo presidente do executivo local de prejudicar a imagem do concelho. Lamentavelmente as más políticas de gestão aumentaram os problemas sociais e económicos e por tabela a insegurança.
Tapar o sol com a peneira nunca foi boa solução e o presidente sempre esteve ao lado de Lisboa na desvalorização e agora queixa-se de não ser ouvido… claro, perde-se a autoridade, mas os problemas estão mais vivos do que nunca!
Luis Alexandre