terça-feira, 31 de agosto de 2010

Guimarães, a má da fita?


adf

Um dos históricos representantes do patronato regional, detentor de cargos sociais e partidários, deu fôlego a uma forma de linha de pacovice e hipocrisia algarvia, abrindo o saco para desancar o polvo, na sua opinião que não estará desamparada, que o berço do país, conspira contra o Algarve.

Um slogan publicitário com uma praia vazia, ferveu os miolos deste opositor laranja, Elidérico Viegas, homem que se arrasta sem sucessor e sem ideias, no cargo de presidente da AHETA.

Depois da saga contra o ALLGARVE, cujas razões são apenas de cor partidária, o sangue quente ao serviço da estratégia global do PSD em chegar ao poder, impeliu-o ao quixotismo de ver em Guimarães, capital da cultura a uma distância de dois anos, um inimigo da região que está parada no tempo e de cuja quota-parte de culpas não se deve esquivar.

O presidente Elidérico, como se lhe faltassem outras razões de crítica e em quase desespero, aponta as baterias também sobre o Governo, exigindo a suspensão de tal aviltação e reposição de uma pretensa honra, que de modo nenhum parece incomodar os restantes algarvios.

Ainda longe de 2012, pergunta-se a este dirigente do Turismo algarvio, que tipo de medidas estão a ser tomadas para a retoma e projecção da imagem de marca do Algarve, sabendo que os públicos para os dois lados são substancialmente diferentes?

Guimarães não tem sol e praia e vai puxar um tipo de público culto e interessado em valores, a que o Algarve tem dado pouco valor. Guimarães é uma cidade património com o seu cunho próprio e o Algarve tem vindo a esquecer e a desbaratar muito da sua riqueza arquitectónica e paisagística, pelo que é um fait-divers atacar a imaginação dos outros.

Elidérico Viegas e o PSD, são praticantes do Turismo de massas, assente em lucros rápidos e investimentos de betão sem critérios, factores que afastam os públicos com outras visões de História, economia e desenvolvimento.

Com o modelo de Turismo cansado e a precisar de imaginação e novos intervenientes, a par da grave crise económica e financeira que abala partes do mundo, o que se exige são combates vigorosos contra as políticas centralistas que continuam a condicionar o desenvolvimento do Algarve e não contra uma ideia de uma cidade que faz pela vida.

De notar, que perante a ameaça de uma medida mais gravosa para a região, como é a questão das portagens, este responsável e as estruturas regionais do seu partido, não sejam tão radicais e eufóricos.


Luis Alexandre

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ruído em audiência com o Governo Civil


Amanhã, terça-feira, pelas 15 horas, a pedido do FORUM ALBUFEIRA, será recebida uma delegação de cidadãos queixosos sobre o ruído que vem aviltando a dignidade e o descanso de moradores e visitantes.

Nos últimos dois meses, estes cidadãos, conscientes dos seus direitos que não são respeitados, têm vindo a desenvolver acções de pressão junto do executivo municipal, que deveria ser o principal garante do cumprimento da lei no concelho.

Da última sessão pública de Câmara, saiu a garantia do presidente, que em mais 30 dias resolvia o assunto, facto que, apesar da notícia de encerramento do Bar Rickys, na Rua Alves Correia, de uma maneira geral continua a ser um flagelo pelos quatro cantos da cidade.

As notícias deste movimento de cidadãos pelo cumprimento da lei do ruído, tem circulado vivamente, chegando ao nosso conhecimento iniciativas de outros cidadãos sobre o problema e que não têm tido a atenção das autoridades.

A época turística vai a caminho de fechar as portas e os prevaricadores e os seus protectores, continuam a rir-se que para o próximo ano há mais.

Como este problema, denunciado publicamente sem sucesso dentro e fora do concelho não tem soluções à vista, resta-nos levá-lo à representante do Governo na região, para que proceda à análise e acções que assegurem a reposição da legalidade sobre esta matéria tão sensível e perturbadora da actividade turística.

FORUM ALBUFEIRA

sábado, 28 de agosto de 2010

Desidério quer sair com a revisão do PDM na mão



O actual presidente da Câmara anda em bicos de pés (tarefa nada fácil dada a fartura) com a actual conjuntura política, onde apenas as sondagens colocam o PSD nas nuvens e os acordos de vassalagem, lhe sustentam o sonho.

Enquanto a espiral de sonhos antigos não se concretiza, de chegar a um lugar na imunidade/impunidade do parlamento, para cujos méritos e não por competência já se abalançou através de revistas cor-de-rosa (a condizer) junto de outras entidades de topo no partido, este vem preparando, na habitual surdina, a entrega das pastas e dos cordelinhos, aos seus dilectos de obediência na carreira.

Como até 9 de Setembro o país não muda mas poderá fazer mudar o PSD nos tempos seguintes, Desidério Silva vive o momento, sabendo que a sua carreira tem dois gumes.

O primeiro, eventualmente constituído na implosão das promessas internas, que tanto pode vir do chumbo (falta de nota para o cargo), como da mudança da situação política, consubstanciada no chumbo do papel e das propostas políticas do PSD.

Tenha ou não o partido um plano B para esta figura, Desidério mostra-se cansado de uma longa e má governação, cujos telhados de vidro podem começar a rebentar de um momento para o outro.

Mas resta-lhe uma importante missão, deixar a casa arrumada dentro da Câmara, para os financiadores e amigos, que querem ver assegurada por via de lei o seu futuro de continuarem a explorar a seu bel-prazer e proveitos, os espaços do concelho mais turístico do Algarve.

Está na calha uma nova revisão do PDM, com a aprovação de mais 5.000 habitações, que propiciarão o pão para os abutres e deixarão condicionado qualquer executivo que venha a suceder ao desiderismo de má memória.

O concelho vem perdendo afirmação pelo excesso de ocupação dos espaços, iniciado no xufrismo e continuado pelo PSD, e, mesmo assim, apesar da contestação ao modelo de desenvolvimento que nos conduziu a uma cidade fantasma e sem receitas a maior parte do ano, Desidério pensa em cumprir as suas promessas de gratidão para com o sector de onde saiu e ao qual deu guarida com a sua caneta de decisor.

Desidério desenhador, trabalhou para uma poderosa família de Albufeira, que tem naturais expectativas nesta revisão do PDM, pela posse um terreno junto da estação rodoviária, com um plano de moradias que eventualmente poderá evoluir para o aumento de densidade e de receitas, gerados pela construção de blocos de apartamentos.

Em fim de carreira autárquica, onde os princípios éticos foram largamente espezinhados por decisões que já levaram a depor na Judiciária e ainda sem desfecho, como não se espera arrependimento, compete às forças sociais da cidade, impedirem que o PDM seja aprovado nos termos em que está previsto.


FORUM ALBUFEIRA

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A propósito do Programa da RTP1 sobre a Ria Formosa...

O belo trabalho das Câmaras Municipais sobre a candidata a maravilha nacional...

A pouca vergonha dos políticos que se conservam no poder...










Imagens do blogue "Olhão livre"
Casa onde falta o pão



Com o crepúsculo da estação balnear e o aproximar da desolação das portas fechadas, das ruas vazias, dos apetrechos encostados e das praias entregues à força do Inverno, ressaltam as velhas preocupações de uma região - como continuar a sobreviver -, porque é disso que se trata, conhecido o desgaste de muitos anos do velho modelo de estrutura turística.

Repetindo-se em conceitos de necessidades e renovação, os velhos e novos dirigentes espremeram o modelo para lá dos limites sem que as acções acompanhassem as palavras, estando as responsabilidades sem dono e os empresários e trabalhadores sem rumo.

A actividade sazonal vai acabar com números ainda mais graves que os anos anteriores, quer em dormidas como em média de despesa, os estrangeiros não se deixaram convencer pelo Allgarve e outros programas, incluindo os das ofertas e, os portugueses, vieram com o que dispunham para a mudança de ares e não porque o Presidente da República os chamasse.

O modelo de sol e praia respondeu à procura, o Algarve preencheu alguns dos espaços com muita chinelada e camisas russas de classes médias e baixas, onde a gritaria dos miúdos e o estilo de conversa de bairro ecoou, num incómodo para alguns ilustres visitantes e residentes, uns senhores das suas importâncias e educação e, outros, senhores dos direitos de ocupação permanente.

Ralharam alguns dos ditos em espaços públicos de opinião, mostrando o incómodo pela qualidade dos nossos visitantes, factos que não são novos e estarão na distracção mental, dado o espaço plural da região e em que as leis da procura e oferta e o envelhecimento e afastamento das acomodações, vêm determinando o nível dos clientes.

O Turismo de massas inundou o Algarve como inundou o mundo, porque é uma actividade de base democrática e disso, cedo se aperceberam os empresários. As ilhas de qualidade continuam a existir, segregam pelo preço e aí, as más educações e os distúrbios têm outra classe e desculpabilidade paga a dinheiro.

O Turismo tem os seus próprios problemas, que passarão pela estrutura educacional a outro nível que não o da responsabilidade pela falha do sistema educativo do nosso país e dos países emissores de turistas.

As queixas das partes não são desconhecidas, terão até razões aceitáveis e existirão na imperfeição dos seres humanos e das estruturas envolventes do Turismo.

O trabalho dos que têm responsabilidades no sector é o de análise, intervenção e correcção permanente, o que nunca esgotará as ocorrências nem poderá ser confundido com a livre circulação de pessoas.

O Algarve não está mal pela qualidade dos turistas que recebe mas, por outras razões e nenhuma de desprezar, como a fraca base cultural dos seus intervenientes, pela insuficiência de formação profissional, pelo excesso de oferta de má qualidade, pela ocupação indevida e destruição da linha de costa, pela insuficiência de meios de segurança, pelo atraso na sua diversificação, pelo desinvestimento em meios de comunicação e transportes e pelo desordenamento urbano e paisagístico, onde nem a arquitectura tradicional, fauna e flora escaparam à gula dos betonizadores e satélites, que reclamaram recentemente para si em congresso, o papel de locomotiva para sairmos da crise.

Todos estes erros se incorporam na má gestão política de uma das principais indústrias do país, onde o Algarve sempre teve uma posição de destaque nunca respeitada e, como tal, nunca compensada, estando a maior responsabilidade na permissividade do lado de cá.


FORUM ALBUFEIRA

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quem abortou a greve geral?



A CGTP, supondo controlar o movimento alargado do trabalho, chamou os trabalhadores para a manifestação de rua a 29 de Maio e surpreendeu-se com a resposta destes. O sentimento de revolta latente, ultrapassou a noção da realidade desta central sindical, controlada e usada pelas estratégias do PCP e satélites.

À volta de 300 mil trabalhadores saíram à rua para protestar contra as políticas do Governo PS, de novo mancomunado nos bastidores com o PSD, numa demonstração de vigor e repúdio pelo estado de podridão social e financeira em que o país foi enterrado, recaindo sobre o trabalho e as pequenas e médias empresas, o aumento da exploração para pagamento dos custos.

A CGTP, que sempre se escondeu em linguagem próxima das aspirações dos trabalhadores, tem um consulado de lacrimejos entorpecidos pelas negociatas na mesa a que a lei lhe dá direito e cujos resultados são visíveis na degradação geral das condições de trabalho, regalias sociais e baixos salários.

A degenerescência do movimento sindical e a lassidão social generalizada, onde o protesto colectivo foi quase assassinado e as associações de bairro e empresa foram reduzidas a cinzas ou ao servilismo, tem exactamente explicação no aburguesamento das ideias dos seus dirigentes e adesão às regalias que os detentores do poder sempre têm para oferecer aos seus lídimos colaboradores.

Confrontados com o crescendo da insatisfação popular, com o avassalador número de desempregados e o descontentamento sobre redução de salários e reformas, aumentos de impostos, cortes na saúde e ensino, encarecimento do custo de vida e perseguição na vida pública, a CGTP, não podia perder a face e a cabeça da revolta, acabando por chamar as pessoas para a rua, encenando a necessidade de uma nova e mais afirmativa etapa – a greve geral -, de que nunca mais se ouviu falar.

Os lancinantes apelos do Governo em completa desorientação pela falta de liquidez do Estado e a chantagem externa dos credores, bem como os do grande patronato, que vêem no momento a oportunidade de serem adoptadas mais medidas em seu favor, levaram a CGTP ao acto patriótico da estratégia do silêncio, balbuciando apenas a quente que os números da rua mereciam ser reflectidos.

De facto, os números da rua traduziram bem o grau de descontentamento popular que, para além da surpresa dos organizadores terão assustado o Governo e quejandos. Foi a maior manifestação dos últimos 20 e poucos anos, mostrando que a linha avançada do povo não é mentecapta e tem capacidade de reagir às políticas contrárias ao que lhe é prometido.

A CGTP, na sua estratégia de suporte de uma falsa esquerda, avaliará que o povo é bruto e não pensa, o que lhe custará no futuro ser ultrapassada.

A força do 29 de Maio não pode ser desbaratada e, quando a classe política, depois dos bronzeados repastos de férias se preparam para lançar as teorias com que pensam exercer ou chegar ao poder, uniformizados nos propósitos do reforço do PEC para 2011 e seguintes, a CGTP e o seu papel histórico serão postos à prova, porque quando voltar a pedir aos trabalhadores que se manifestem, vai-se reforçando a ideia de que estes lhe perguntem a favor do quê e de quem…

Desde sempre que as transformações sociais se fizeram de resistência, direcção, organização e vítimas, em resposta à opressão dos poderes instituídos.

A História desenganará aqueles que pensam que os regimes opressores, mesmo mascarados, são eternos…


Luis Alexandre

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

As Texugueiras mexem…



Quem quiser abordar o blogue do FORUM ALBUFEIRA pela pesquisa do Google, dá de caras com a alusão aos post relativos às irregularidades praticadas nesta urbanização, autorizadas pela ilustre edilidade.

Mas o que nos traz ao vosso convívio, é darmos a conhecer que acompanhamos o processo entregue no ministério Público e que este se encontra já nas mãos da Polícia Judiciária.

É uma boa notícia, saber que a Polícia de investigação vai fazer o trabalho que a assembleia municipal se recusou a fazer, votando o PSD contra a proposta de constituição de uma comissão de averiguações e comprovação dos factos.

O caso concreto das Texugueiras é a ponta do iceberg, como escreveu um nosso leitor, que vai de encontro ao nosso conhecimento de urbanizações que contam com facilidades oficiais e a não observância da lei.

Quem olhar bem para o concelho, citando as Ferreiras como nota de exemplo, as urbanizações nascem como cogumelos sem que os equipamentos sociais acompanhem o ritmo…

Albufeira levada à lupa, se para tal os investigadores cumprissem o seu trabalho, mostrava bem como se governa para interesses que muitas das vezes não são os públicos…

Entretanto, o vereador da suposta oposição, David Martins, tal como os novos dirigentes concelhios do PS, onde pontua o ex-presidente da Junta de Freguesia com jurisdição e conhecimento total sobre as Texugueiras, que têm a obrigação de se interessar pelo caso, continuam sem disponibilidade …

E porque será, perguntamos todos?


FORUM ALBUFEIRA

sábado, 21 de agosto de 2010

As águas turvas do Polis da Ria Formosa



Desde a primeira hora e com a experiência do Polis Albufeira, o programa de intervenção do Polis da Ria Formosa, distanciado na natureza e extensão do espaço e nas vertentes da intervenção, deixa muitas dúvidas quanto a alguns dos seus interesses de fundo.

Tratando-se de áreas de intervenção sensíveis, debaixo da alçada de muitas entidades observadoras e milhares de olhares de vários concelhos, os propósitos estratégicos apresentados de forma generalista nunca foram esclarecedores e adivinham tacticismo e imprevisibilidade para o decorrer do processo e consumação dos objectivos.

No Polis Albufeira, as pessoas nunca contaram e muito menos quaisquer sugestões dadas nos espaços de apreciação pública. Os resultados estão à vista, com a imensa maioria dos cidadãos a deplorar muito do que foi imposto e a pagar a factura dos erros grosseiros, com o impávido presidente da Câmara sentado no Conselho de Administração. Foi uma oportunidade perdida e fabricada de fora para dentro, onde pontuou a presidência de Valentina Calixto, conduzida ao mesmo lugar no Programa para a Ria Formosa.

Os fraseados distribuídos em folhetos, que assentam em recuperação, renaturalização e ordenamento, susceptíveis de mobilizar o interesse da opinião pública, bem como as reuniões de propaganda com as partes, não deram sinais claros dos procedimentos e tratamento dos problemas da presença humana nas áreas do cordão dunar e na distinção entre o valor das actividades profissionais marítimas, de exploração, desportivas e lúdicas.

O Programa Polis da Ria Formosa nasceu inquinado entre situações de excepção, de legalidade circunstancial e legalidade histórica, que podem ferir de injustiças partes dos intervenientes e ficar aquém dos nobres objectivos apregoados.

A intervenção da força da natureza na ilha da Fuzeta, escreveu uma página do Programa, facilitando a limpeza e o ordenamento desejado, devolvendo à comunidade a visão de beleza, usufruto e equidade.

Se o problema da Fuzeta com a mão da natureza ficou resolvido, os outros afiguram-se sombrios na linguagem e relacionamento com os lotes de interesses espalhados. O subir de tom da incompreensão pelas incongruências, quando faltam as partes mais complicadas do Programa, antevêem a possibilidade de uma separação que pode levar a divórcio.

Numa acção inédita e desta longitude, abarcando cinco concelhos diferenciados na relação e ocupação da área natural da Ria Formosa, sabendo que à partida do Programa havia estudos, intenções e uma linha mestra que não foram provados pela prática, tudo deveria ter sido assumido publicamente para que todas as correntes de ideias se exprimissem, na interpretação, rigor e execução dos objectivos estratégicos, preparando a salvaguarda das comunidades piscatórias, a satisfação das suas necessidades e a afirmação da ideia que não há situação de excepção que dure para sempre.

O Conselho de administração da Sociedade Polis tem nos seus bancos os presidentes de Câmara que, à partida deveriam dominar os problemas, têm um compromisso com as populações que lhes atribuem um papel de mediadores privilegiados e aos quais não são permitidos nem silêncios nem ausências.

O Estado levou séculos para olhar para a riqueza da Ria Formosa, assinou de cruz ou assistiu impávido ao rocambolesco das atitudes camarárias que permitiram excessos e crimes ambientais, pela sintonia das cores partidárias, pelo que não pode chegar ao terreno e usar de fundamentalismos ou hipocrisias que escondam planos que não queiram ver discutidos.

Quase metade da população algarvia está a olhar para a Ria, cujas águas transparentes em fundos de areia inspiram a exigência de limpidez de processos que devem ser seguidos e para que o Programa não fique comprometido.

O ambiente de pré-guerrilha que a Sociedade Polis está a gerar, revela fraqueza desta e a merecida acusação de falta de respeito para com as populações, às quais se deverá destinar o essencial do Projecto.

Apenas por uma questão de memória, a Parque Expo fugiu de Albufeira sem honra nem glória e, o presidente de Câmara, com as suas culpas, nem quer ouvir falar do Programa, que ainda hoje não está acabado mas está abandonado, ao fim de mais de 60 milhões malbaratados.


Luis Alexandre

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A cerimónia


Na passagem de má memória pelo dia 21 de Agosto, quando faz um ano que cinco portugueses foram vítimas da incúria do Estado, onde se deve incluir a autarquia gestora do concelho, decidiu esta, levar a cabo uma cerimónia no local do acidente – a praia Maria Luísa.

Com o local retocado à posteriori, o que levará à ausência da arriba assassina para testemunhar a sua irresponsabilidade e sem que conheçamos quem são as outras autoridades que ladearão a autarquia representada ao mais alto nível, esta cerimónia parece-nos de todo deslocada, quando se afirma nos seus fins, que se pretende lançar alertas para toda a população.

Tantos meios e locais que há para lançar alertas, a escolha do sítio exacto que deveria ser de recato e memória dos familiares e amigos ou de protesto para os demais cidadãos, revela pouco cuidado dos cúmplices da falésia.

Não se conhecem publicamente os actos de solidariedade e de compensação para com as famílias enlutadas mas, conhecem-se as medidas repressivas tomadas pelo Governo, lançando o ónus da responsabilidade para as costas dos incautos cidadãos veraneantes, como que a desculpabilizar-se da tragédia ocorrida.

Para cumprirem os objectivos que se propõem no pretenso pesar, a presença da imprensa será inevitável, dando largas ao aproveitamento das imagens de personalidades alinhadas, para fins menos claros.

A cerimónia, que se pretende identificar com os sentimentos de perda e a repreensão para o futuro, baralha os argumentos e não passa de um acto despropositado para consumo propagandístico.

De lamentar!


FORUM ALBUFEIRA

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Queixas sobre falta de higiene têm fundamento




Ao contrário dos da rua, que abarrotam e cheiram mal, os caixotes de lixo do executivo camarário não têm fundo.


É para lá que vão a esmagadora maioria das queixas dos munícipes e dos visitantes, sobre variadas matérias.

Se o ruído é um flagelo de falta de higiene auditiva, onde o executivo tem acções a render, o lixo é outra das vertentes de saúde pública, onde a Câmara e a empresa Cavacos SA, estão combinados para um serviço deficiente e muito bem pago.

Quando há pouco tempo protestámos sobre o mau serviço de recolha do lixo e limpeza, adivinhávamos a existência de problemas e a falta de fiscalização do contratador.

Informações incontestáveis são as de que a empresa Cavacos SA opera com menos 30% de efectivos, também comprovados pela observação de rua, facto que à luz da contratação lavrada com a edilidade, carece de explicação aos munícipes.

Depois da conhecida tentativa do executivo facilitar mais 10 milhões de euros para uma pretensa renegociação de contrato de prestação de serviços, travada pela opinião pública, naturalmente, a solução encontrada foi deixar descambar a qualidade do serviço, fechando os olhos oficiais e apostando na cegueira de uma população que julgam trazer amarrada pela maioria absoluta.


Como não há oposição em Albufeira, mais uma vez o FORUM ALBUFEIRA e os cidadãos têm de tomar os protestos em mãos.


FORUM ALBUFEIRA

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Será mais um pagamento de promessas eleitorais?


Sem que ninguém esperasse, a Câmara Municipal, que não trata as árvores da Avenida da Liberdade, como não tratará muitas outras espalhadas pela cidade, resolveu implantar estes belos vasos e arbustos que, como a foto bem documenta, acrescentam alguma sombra à sombra.

A porcelana é da melhor, foi paga com os dinheiros que a Câmara diz estar a faltar para cumprir as promessas de obras ou ajudar as forças vivas do concelho e, falta saber, quanto tempo durarão face à crescente falta de civismo e aumento do vandalismo nocturno.

Esta iniciativa despesista e de todo descabida, que caracteriza a gestão PSD, ombreia com o abandono e falta de acabamentos das obras Polis/Câmara, que mesmo ao lado tem fontes que nunca trabalharam, grelhas em ferro em redor de árvores que provocam acidentes, zonas verdes em abandono e altifalantes mudos.

Esta iniciativa é absolutamente visionária e quem a propôs e aprovou, deveria ser medalhado no próximo dia 20.


FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Contagem decrescente para o monstro morrer



FALTAM 17 DIAS PARA DESIDÉRIO SILVA ACABAR COM O
RUÍDO

(Este verão já fomos abordados por vários visitantes que se vão dirigir à Câmara por escrito, para protestarem pelo desassossego das férias, que juram não repetir em Albufeira.
Continuamos a expulsar as boas pessoas para recebermos a libertinagem e os seus vícios, que nos trarão incidentes de sub-mundo e levarão a uma crise ainda mais profunda!)


Forum Albufeira

domingo, 15 de agosto de 2010

O poder pela rua



O calçadão de Quarteira, depois do banho de multidão das marchas populares de Junho, foi palco da edição laranja das mesmas, de nome deslocado - o Pontal -, com o propósito de mostrar um PSD de retoma aos líderes mais próximos das bases.

A forte componente populista do PSD marcou presença, ladeados de mais três mil companheiros que deram o tom desejado por Mendes Bota, que havia rematado a metáfora: “não ser a rua um apanágio da esquerda”.

O líder regional e a sua equipa, galvanizados pela especificidade do momento político, não se pouparam em esforços para montar um ambiente de calor à volta do chefe, fechando o ciclo da ostracização e de uma nova era de reconhecimentos, obviamente traduzido em cargos.

Passos Coelho terá registado o desagravo de engasgos antigos, teve o seu primeiro banho de beijos e abraços no calor da noite algarvia e passou ao que vinha: desenrolar um discurso político virado para a estratégia de poder, para uma plateia órfã e sequiosa.

A anteceder o prato forte, badalou Mendes Bota, na sua traça eufórica e visionária e de novo de bem com o seu umbigo, bradando por antecipação, vivas ao futuro primeiro-ministro, falou da sua paixão pela regionalização e deixou no saco, um dos temas mais quentes dos últimos tempos – as portagens na Via do Infante.

Passos Coelho, o adorado líder que não conseguiu arrastar consigo nenhum dos pesos pesados do partido, que as hostes vêem a segurar a espada que cortará o jejum e abrirá o caminho do poder, nada disse sobre os avales passados ao Governo minoritário do PS e atreveu-se, num desplante valorizado pelo pedido de desculpas de troca-tintas, a dar-lhes um ultimato: “não contém com ele para assinar o OE de 2011, se este pensar em aumentar impostos e não reduzir a despesa”.

O mote para as próximas disputas políticas está dado, num aparente divórcio entre as duas principais mãos que produziram a mais grave crise social e económica do país e planearam o saque sobre o produto do trabalho e regalias sociais do povo português.

Crê este senhor que o altar o espera, alimentado pela fabricação de sondagens e putrefacção dos adversários, por uma Presidência da república amarrada e acalentado por 3 mil seguidores de rua, que o povo português vai fechar os olhos às suas responsabilidades na crise em que o mergulharam e que, inevitavelmente, o conteúdo das suas propostas agudizarão ainda de forma mais drástica.

PS e PSD, com o apoio dos sucessivos parlamentos, dividiram a governação do país até ao descalabro, malbarataram os dividendos da destruição da economia ordenada pela UE e as suas receitas, lançando as bases do endividamento e do desemprego, da destruição do sistema de saúde, do ensino e da Justiça, e foram julgados por cerca de 300 mil trabalhadores que saíram à rua a 29 de Maio.

Reclama o PSD o poder com 3 mil comensais ao relento estival e porque razão se perdeu a força de 300 mil portugueses que protestaram na rua, reclamando por políticas diferentes das que foram praticadas? Quem se afirma de esquerda e foge à continuação por outros meios, da utilização desta força para exigir as mudanças necessárias?

Não há ilusões que não se desvaneçam e regime que dure para sempre.


Luis Alexandre

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Afinal o que é o Pontal



O Pontal, na sua história e travessuras, é uma manifestação de um dos sectores da classe dominante que, depois dos repastos do veraneio, entendeu criar um momento de retomada das cavalgadas políticas, para lançarem as linhas mestras das suas epopeias.

Entre presenças presidenciais, amuos, ausências por convicções e protagonismos regionais ao lado de segundas linhas, do alto dos ares desportivos que o tempo estival recomenda, o mega comício laranja à volta da mesa, nas suas duas vertentes de ouvintes, regional e nacional, tem sido, no essencial, mais uma manifestação de boa disposição e convívio para dentro do partido ou parte dele, do que um marco ideológico que gere expectativas entre a população do país.

No relatório e contas de Mendes Bota à imprensa, líder regional com mais negas, dá-se ênfase às expectativas de um novo líder nacional, Passos Coelho, que contou desde a primeira hora com o seu apoio pessoal, provavelmente por falta de unidade na distrital.

Mendes Bota já está empolgado com a sua contribuição e vantagens pessoais no novo contexto político partidário e do país, que traz toda a família laranja num reboliço de uma eventual entrada no poder, apenas assente na conjuntura das fraquezas do Governo e do partido que o suporta, de quem afinal são confidentes, proponentes e apoiantes.

O Pontal, produzido nos ares quentes do Algarve, apesar das figuras gradas que aqui se passearam, no poder ou fora dele, não se pode dizer que o seu fervor discursivo tenha produzido grande impacto na vida política regional e nacional.

As palavras dos sucessivos dirigentes regionais do PSD, contendo promessas de poder central instalado ou premissas de bandeira na oposição, estão à vista dos algarvios, que enfrentam a mais grave crise de sempre, onde a monocultura do Turismo está em colapso e as alternativas salivadas são uma miragem.

A situação de crise do Algarve vem de trás, assenta na falta de compreensão e passividade nas respostas dos responsáveis do país e na permissividade dos regionais, pelo que não se explica nas desculpas da crise do sistema político e financeiro.

O Pontal, cujo proprietário conhece os números e os caminhos da gestão nacional, manteve a sua marca de classe, que gira incontornavelmente em função dos interesses de poder que representa. O Pontal sempre viu o Algarve como uma passagem soalheira e, nunca o olhou nas suas necessidades de renovação e adequação aos novos tempos e exigências, porque o Sol brilha por todo o planeta.

A parte do PSD que está de férias, com expressão para as suas elites, usa o Algarve para os recados do momento ou num horizonte curto.

Passos Coelho, a vedeta do cartaz 2010, vem ao Algarve com um plano de poder, que passa pela vitória de Cavaco Silva, pelas exigências dos patrões, financeiros e credores para o OE de 2011, manter a pressão sobre o Governo e o PS para que levem por diante o PEC e perorar para que as sondagens continuem a dar-lhes vantagem no seu disfarce de cúmplices da crise e dos planos para a suavizar.

Os problemas do Algarve, merecerão a passagem simpática da fuga às responsabilidades, que os outros, dirão, não querem levar por diante.

O Pontal, afinal, não passa de uma festa e nunca disse nada que motivasse os algarvios…


Luis Alexandre

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Bom dia senhor deputado!


O concelho de Albufeira, na sua pequena dimensão e discreta notoriedade histórica, social e política, sem desprimor para a rudeza e simplicidade das suas gentes, nunca produziu um deputado.

A cidade de Albufeira, a grande capital do Turismo, inserida num concelho generalizadamente rural e pobre, em que os sectores produtivos se foram perdendo dando lugar a um aburguesamento à volta da produtividade turística, nunca teve expressão nacional a não ser pela beneficiação da natureza que os homens que aqui se alcandoraram ao poder lograram aproveitar, iniciando um processo de destruição e betonização à volta do Sol e praia, com proveitos particulares e cedências públicas sobre permanente suspeita.

Albufeira, que se orgulha pela boca dos seus actuais dirigentes de chamar a si o mérito de 45% das dormidas do Algarve, o que acontece em pouco mais de 3 ou 4 meses de um ano de 12, cresceu num único sentido, o dos proveitos rápidos, públicos e privados, sem olhar à delapidação e perda de valores históricos, factos que condicionam o desenvolvimento futuro, à luz do crescimento e elevação dos níveis de exigência e qualidade dos turistas, que não abandonando as necessidades de lazer estival, introduziram novos conceitos na base das suas viagens, dando forma a outras maneiras de estar e conhecer e que se dispersam pelo desenrolar do ano.

A perda dos valores históricos, dos costumes às traças arquitectónicas, ainda que rudimentares como as de Albufeira, substituídas pelo betão, ruído, proliferação de imagens de fast-food em detrimento de uma cozinha tradicional e de que somos um local de excelência para a problemática diversão nocturna, com o rol de ingredientes por arrastamento que levam a situações de risco, acabam por afastar quem nos visita com outras intenções, cavando o espaço da sazonalidade.

A sequência de presidências seguiu o caminho alegre de pedra sobre pedra, com desprezo pelos valores, um deles acabou nas malhas da Justiça com solução política, outro faleceu com os pés fora da Câmara por mérito de derrota eleitoral e, o actual, da família do PSD, não só não alterou o rumo dos acontecimentos como os agravou, praticando uma política autocrática, de posso quero e mando por não ter oposição, levando ao estado degradado da economia local e das suas forças.

E ironia dos destinos, óbvia e exclusivamente políticos, o supra-sumo da acumulação dos problemas sociais e económicos que o concelho atravessa, que resultam da construção de uma má conjuntura concelhia e não podem ser atribuídos à crise generalizada do país, numa hora julgada de felicidade, assume-se como pretendente a um lugar de deputado, onde o seu partido não joga com a análise e o mérito mas com o pagamento de favores de subserviência interna.

Nas eleições do ano passado, o concelho já tinha servido de rampa de lançamento, que virou cadafalso, da figura de Carlos Silva e Sousa, presidente da assembleia municipal, radicado há anos em Albufeira, actual presidente da concelhia do PSD e futuro pretendente à presidência camarária, que no passado já averbou uma derrota na mesma condição.

Agora é a vez de Desidério Silva, dando apenas largas a ambições umbilicais, naturalmente em suporte de interesses privados, que não têm nada que ver com projectos de grandiosidade pública, partir à sorte de os correlegionários do partido fecharem os olhos e os algarvios serem levados a eleger mais uma componente servilista do centralismo consciente.


FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Segurança, insegurança e casos de polícia, na polícia


Reportando-nos só ao Algarve, os últimos anos viram disparar os números e gravidade dos diversos crimes, ainda sem grandes casos de sangue mas com alguns horrores associados.

Os números oficiais de queixas estão longe de nos levar a uma dimensão dos problemas mas, não será despropositado afirmar que serão largos milhares de ocorrências, o que dará um rácio elevado por milhar de habitantes.

A região, considerada como privilegiada e estatisticamente acima da média dos factores de produção de riqueza (?!), atestando o estado geral do país, ganhou espaço nas capacidades e interesse dos gangs organizados e dealers por conta própria, ao ponto de estes se debruçarem na leitura da ineficácia de resposta das autoridades.

Quer o ministro da tutela e as diferentes autoridades aceitem ou não, a realidade é que algumas forças vivas, poucas, e sobretudo os cidadãos, incluindo residentes estrangeiros, que têm sido afectados e sentem o problema num país que não é o seu, não têm deixado cair o assunto e levaram estes responsáveis a anunciarem medidas que, continuamos sem perceber se foram implementadas, a julgar pelo acinzentado do panorama.

A situação está a mudar de tal maneira que, se os invernos acobertavam a criminalidade, agora, o verão, é alvo da atenção dos que se dedicam a actividades ilícitas, que vão do pequeno assalto de praia e sua retaguarda, até aos assaltos à mão armada onde sabem haver dinheiro corrente.

O que os cidadãos vão percebendo, é que a disponibilidade e isenção de horários dos meliantes revela-se incompatível com a organização e rentabilização das forças policiais, cujas chefias, por natureza de classe, vão continuar a descurar.

Num cruzamento intrigante, pelo Algarve, para além da subida de tom da actividade criminal veraneante, desde assaltos a notas falsas, vão chegando notícias de súbitas preocupações de diversos responsáveis políticos, dominadores dos meandros e gravidade dos factos em princípios de maior degradação social, como nos chega também o conhecimento da prevaricação de funções dentro das forças policiais, acompanhadas de afirmações dos responsáveis associativos, preto no branco, por culpa de comandos que usam do favorecimento.

O quadro descrito, historicamente inalterável, com altos e baixos e a população prejudicada pelo meio, é um produto de marca do Estado burguês, onde as polícias são classificadas e treinadas para defesa das entidades supra, deixando as forças distribuídas pelo país, com salários de miséria, falta de meios, instalações e treinamento, potenciando o desinteresse, queda na tal orla de influências das chefias e completa ausência de respeito pela valorização das ideias e das experiências, que nos conduzem aos efeitos de ineficácia nunca admitidos.

Se de dentro para fora há críticas bem colocadas, imaginemos o volume dos supostos usufrutários e contribuintes, que são duplamente prejudicados e também raramente são ouvidos.

Os tempos que se aproximam, com o Algarve a fechar para férias sazonais, cada vez mais compridas e com os cortes impostos nos direitos assistenciais, avizinham-se conflitos que vão continuar a ultrapassar as forças policiais, cabendo a total responsabilidade às políticas económicas e sociais do retomado e envergonhado bloco central e apêndices, que depois da delapidação e endividamento dos cofres do Estado, se refugiam no momento especial que vivemos e, vejam só, não é culpa deles, veio de fora.


Luis Alexandre

domingo, 8 de agosto de 2010

O que podem os cidadãos esperar das presidenciais?



O Verão trouxe a habitual acalmia ao frenesim político dos contendores, com os últimos barómetros a darem vantagem, sem surpresas, ao inquilino de Belém.

Sem esforço, no carro da presidência e o seu staff, Cavaco Silva fez os trabalhos de casa do cargo a contento e vai de férias com os elogios dos vários quadrantes, sobre o seu papel desenvolvido no aperto de mão ao salazar angolano.

Manuel Alegre, que ainda não sabe se o apoio do PS é bom ou mau e quantos dirigentes é que estão com ele, continua a palitar os dentes enquanto pensa no prejuízo de silenciar as políticas do Governo, contra a imensa maioria do povo mais humilde, afinal, aquele que foi o seu anterior eleitorado.

Sobre o noivado com o Bloco que se diz de Esquerda, oriundos de uma amálgama de crenças e mezinhas, agora coloridas com as vantagens parlamentares ganhas com os efeitos especiais das televisões, não há nada a dizer de especial, apenas que estão um para os outros.

Manuel Alegre, que joga num tabuleiro minado, onde o próprio partido que se atrasou no apoio joga com outras peças, ao arranjar a muleta do BE, seu primeiro proponente, poderá ter ficado mais coxo, dadas as alergias conspirativas que caracterizam os interesses cruzados do magistério do PS, alérgicos a subalternos da sua área de ilusão ideológica e com manias de conselheiros, que até desencantou uma ala e um candidato de centro-canhota, com o argumento de levar os resultados a uma segunda volta.

A matemática está sempre presente nos arranjos dos carnavais eleitorais, onde as preocupações são as vantagens para os quintais em que se divide o folclore político-burguês, deixando para segundo plano os arrazoados a injectar para convencimento das cabeças dos eleitores.

Fernando Nobre, o iludido nestas andanças e mais sério nas suas funções sociais, está na corrida como lebre, facto que o seu estatuto não merecia.

A segunda etapa, depois do bronze, afigura-se tão cinzenta como a anterior, com os candidatos amarrados aos compromissos que juraram para a condição, de amor ao PEC e às novas medidas do OE para 2012, tão necessárias para pagar o passado e o futuro folguedo público.

A revisão constitucional proposta pelos meninos que tomaram conta do PSD, será um dos temas que poderão acalorar a contenção de palavras, dada a reverência e continência do tema e a necessidade absoluta dos contendores de fugirem dos custos e de quem paga a crise em que os políticos e financeiros nos meteram.

Faça chuva ou faça Sol, até ao dia e resultado das eleições, que vão definir as estratégias do ano 2012, os portugueses estarão a braços com as suas dificuldades para responder ao aumento da exploração e, ganhe quem ganhar de entre os candidatos do mais do mesmo, o povo sai sempre a perder.


Luis Alexandre

Contagem decrescente para o monstro morrer



FALTAM 25 DIAS PARA DESIDÉRIO SILVA ACABAR COM O
RUÍDO

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O vazio da Justiça



A Justiça, no seu papel deificado como uma das fundações do Estado dito democrático, viu agravar-se o sentimento estranho que sempre produziu no cidadão, onde o lado austero e circunspecto nunca venceu a desconfiança.

A Justiça institucional, justifica-se nas injustiças dos relacionamentos sociais, onde as formas de convivência entre os indivíduos criam as matérias julgáveis, mobilizando os círculos pessoais e os universos sociais em que cada parte se integra.

Os actos da Justiça ou da falta dela, têm sempre consequências que, independentemente da notoriedade ou extensão social dos casos, deixam marcas, como os vírus que hibernam, para se manifestarem na sua força.

As sociedades modernas, orientadas no consumo compulsivo e insustentado, geram cada vez mais conflitualidade, que se reparte na confabulação e negócios com os dedos e ambições da política ou, no simples aliciamento à apropriação quando os recursos não o justificam.

As congeminações, cada vez mais requintadas e reservadas ao secretismo de quem tem influência e poder, quando de forma inadvertida saltam para a ribalta e sofrem a humilhação das barras da Justiça, arrastam-se na protecção das patentes, os melhores causídicos são recrutados e os jogos de escrutínio, em obediência à lei e com aproveitamentos dos desleixos e ineficiências, nada tendenciosos, correm fora dos olhos e ouvidos gerais, preparando as ilibações.

Quando a lei se abate sobre a raia miúda, sem protecção e sem condição, os serviços, ditos de justiça, são céleres na acusação, condenação e execução, obedecendo ao poderio e passagem para trás do balcão da força de organização dos acusadores, que têm muitas formas de incorporar os custos.

No inverso, na procura da mesma justiça, as taxas são injustiçadamente caras, representam um esforço acima das possibilidades dos salários e os custos dos serviços de advocacia ultrapassam os sentimentos compreensíveis de justeza e sem garantias. Nos últimos anos, os mecanismos da lei foram refinados no desrespeito das condições de acesso, cavando um fosso sobre o que deveria ser o respeito pela propalada igualdade de oportunidades.

Do ponto de vista do cidadão, que não tem condições de se estribar em quaisquer forças, desenvolveu-se a percepção de que, num Estado burguês, a Justiça está organizada e funciona em proveito de quem tem capacidade de influenciar e poderosos meios financeiros.

Para a construção desta ideia de que a Justiça tem os pratos desequilibrados, não só contribuem as experiências pessoais dos cidadãos, como a interiorização valorativa da condução dos casos mediáticos, que provocam gastos públicos desmedidos, na proporção inversa dos resultados. Pelo caminho, ficam as páginas dos jornais com as análises, os mentidos e desmentidos, numa rapsódia instrumentalizada de falhas, datas, prescrições, desaparecimentos de documentos, desautorizações, afastamentos de juízes e outras manigâncias.

No filme luso sobre a Justiça, com as imagens de muito má qualidade e a fita a partir-se muitas vezes, as assobiadelas são justas e não entra nas nossas cabeças que os problemas estão nas secretárias, edifícios ou prestação dos funcionários. O capitalismo moderno, assente na exploração desenfreada e sem fronteiras, criou um monstro que não tem nada que ver com Justiça e, esta, não escapa à crise geral do sistema.

A Justiça entregou-se às delícias do Estado burguês e dos interesses que o governam e, não funciona por que não quer.


Luis Alexandre